Fugas - Viagens

  • Praia do Tonel, Zambujeira do Mar
    Praia do Tonel, Zambujeira do Mar Pedro Cunha
  • Praia da Amália, Brejão
    Praia da Amália, Brejão
  • Porto Santo
    Porto Santo Carlos Lopes
  • Praia da Dona Ana, Lagos
    Praia da Dona Ana, Lagos Mara Gonçalves
  • Praia do Camilo, Lagos
    Praia do Camilo, Lagos Mara Gonçalves
  • Praia de Moledo, Caminha
    Praia de Moledo, Caminha Hugo Delgado
  • Praia do Silêncio, Astúrias, Espanha
    Praia do Silêncio, Astúrias, Espanha DR
  • Aiguablava, Begur, Espanha
    Aiguablava, Begur, Espanha DR
  • Calella de Palafrugell, Girona, Espanha
    Calella de Palafrugell, Girona, Espanha DR
  • Sant Pere Pescador, Girona, Espanha
    Sant Pere Pescador, Girona, Espanha DR

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10 praias de assombro ao virar da esquina

Sempre a prestar atenção aos avisos de perigo (atenção às quedas de pedras ou às escorregadelas), vamos subindo e descendo — e contornando — as rochas até chegarmos a uma naturalíssima piscina que se abre num recanto, uma beleza de mui salgada água fresca que permite mergulhos à séria enquanto cumprimentamos os pescadores que passam no seu atencioso barco, o Vá com Deus.

Mesmo que depois avance à descoberta dos recortes e atracções do resto da ilha, não abandone a praia sem experimentar outros banhos que não os nas águas: prove o banho de areia e teste o “milagre” terapêutico deste areal. Há muito que é vox populi que fazer um buraco, deitar-se e cobrir-se com as areias de Porto Santo faz maravilhas ao corpo e à saúde em geral, deixando músculos, pele e esqueleto “renovados”. Estudos recentes comprovaram que o povo sabe-a toda: as areias são únicas e a erosão que as criou deixou-lhes muitas riquezas de herança. Depois de um santo banho no mar, nada como um abençoado banho nas areias. [Luís J. Santos]

 

Praia do Silêncio, Astúrias, Espanha

Há uma música no silêncio e esta praia é uma orquestra. Pelas Astúrias, contam-se mais de duzentas praias para maravilhar qualquer viciado. Há-as de todas as dimensões, formas e feitios, muitas delas selvagens e permitindo todas as solidões (até as partilhadas), com lençóis de areia ou pedras, abertas ou fechadas em baías. Mas, desculpem-me os puristas (e os que preferem longos e fáceis areais), como esta não há mais nenhuma.

Guardada em mistério e com, provavelmente, o mais belo nome do mundo, a Praia do Silêncio, na zona de Cudillero e a cerca de 1km de Castañeras, é uma obra-prima no seu todo, um acaso da sorte, uma pérola abraçada pela sua ostra. E assim sendo, não será novidade começar por dizer que chegar até ela leva o seu esforço. Deixa-se o carro para trás e percorrem-se umas centenas de metros até podermos admirá-la no seu esplendor. Do alto da falésia, abre-se lá muito em baixo a baía em concha, linha de areia polvilhada de calhaus e mar em azul profundo.

Protegida pela localização e pelos deuses (e pelos humanos também, já que faz parte da Paisagem Protegida da Costa Ocidental), esta beleza poética selvagem é enlaçada por escarpas recortadas, está cercada por corredores verdes intocados que parecem mergulhar entre as rochas, é pontuada por ilhéus que lhe aplacam a força do mar, dando-lhe águas calmíssimas. Há quem nos comente que faz parte da beleza a visão de cabras nas alturas em manobras de alpinismo – infelizmente, não tivemos direito a tais proezas. Faz-se o caminho cautelosamente pela ladeira (houve por ali alguém agora mesmo que foi de “sku” por um atalho…), desce-se a escadaria passo a passo, pisa-se a praia e… bem-vindos a um lençol de calhaus, cascalho e areia (e lixos, que virão ao sabor das marés e tempestades).

Temos a sorte de, nos seus cerca de 500m, a encontrar vazia, que é o seu estado perfeito. E, pronto, estamos preparados para o início do espectáculo integral. Música, maestro. Recanta leve e ritmado o ondular das linhas de seixos num arrastado vai-e-vem. Ciranda o coro de gaivotas a trabalhar o refrão sobre as harmoniosas ondas. Serpenteia a brisa, quase um fôlego na verdade, por entre as infinitas paredes rochosas que nos protegem. E, sobretudo, sente-se o silêncio da humanidade, uma verdadeira pausa nos seus ruídos mais perturbadores — até porque a praia, eremita sem serviços de apoio, não é para todos, é pouco dada a famílias e crianças, rejeita os que gostam de ir à praia para verem e serem vistos e não motiva a fiesta nem nada que se lhe pareça.

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