Fugas - Viagens

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Bordéus, o despertar da Bela Adormecida

O Garonne corre silencioso e reflecte uma vez mais o brilho das luzes, as estrelas brilham e até a lua, sempre cheia, lança sobre a cidade uma luz menos amedrontada.

Gwenaëlle Towse-Vallet já visitou Lisboa, o ano passado, por esta mesma altura, acabando por se render à maior concorrente de Bordéus na corrida pelo estatuto de Melhor Destino Europeu 2015.

- As condições atmosféricas não eram as ideais mas adorei a atmosfera, os bares de vinho no Bairro Alto; pareceu-me uma cidade muito autêntica, com os antigos eléctricos amarelos e pessoas simpáticas. E o facto de, tal como Bordéus, também ter um rio.

Não cheguei a perguntar mas fiquei com a impressão de que, a exemplo do que acontece com Paris, Londres, Nova Iorque e Montreal, Gwenaëlle Towse-Vallet não trocava Bordéus por Lisboa. Talvez porque tudo brilha no reino da Bela Adormecida.


GUIA PRÁTICO

Como ir

A partir de Lisboa, a TAP voa directa e diariamente para Bordéus com tarifas (tendo por base a última semana de Março) a rondar os 190 euros (ida e volta). Mais barata (depende das datas escolhidas), também a easyJet faz a ligação entre a capital portuguesa e aquela cidade francesa, com preços (igualmente ida e volta) próximos dos 120 euros. Embora, tal como a easyJet, não ofereça voos diários, a Ryanair pode constituir alternativa bem mais barata para quem pretende visitar Bordéus — se bem que o faça apenas com partida do Porto (ida e volta por cerca de 70 euros). Para quem preferir utilizar veículo próprio, Bordéus dista 1150 quilómetros de Lisboa, um trajecto que pode percorrer quase sempre em auto-estrada (custo das portagens a rondar os 50 euros), a exemplo do que acontece desde o Porto (qualquer coisa como 33 euros e uma distância de mil quilómetros).  

Quando ir

Bordéus pode ser visitada em qualquer altura do ano mas a melhor época é durante a Primavera ou nas primeiras semanas do Outono, quando as temperaturas são mais amenas. A cidade, situada perto da costa, beneficia de um clima temperado por influência do Oceano Atlântico e do estuário do Gironde, com invernos não muito frios e verões cada vez mais quentes.

Onde comer 

O que não falta em Bordéus são bons restaurantes mas um dos melhores, também pela sua localização, nos Quais des Queriés, 33, construído sobre pilares que se debruçam (na margem direita) sobre o Garonne e mesmo em frente à Place de la Bourse, é o L’Estacade (www.estacade-restaurant.com), um espaço agradável que mistura os sabores do Mediterrâneo e do Atlântico. Outro lugar que não desilude — e a um preço acessível — é o Le Saint-Georges, na Place Camille Jullian, 2, com uma cozinha típica do sudoeste da França e uma decoração focada na Sétima Arte. Mas, melhor ainda, a La Brasserie Bordelaise (www.brasserie-bordelaise.fr), na Rue Saint-Rémi, 50, um autêntico templo da gastronomia do sudoeste (não deixe de provar, quando possível, os espargos de Blayais ou as ostras de Oléron ou, ainda, o carpaccio de pato com azeite e trufas) aberto diariamente para jantares.

Onde dormir

Bordéus é uma cidade que proporciona agradáveis surpresas para quem viaja com orçamentos mais reduzidos. Entre elas, o Auberge de Jeunesse (www.auberge-jeunesse-bordeaux.com), na Cours Barbey, 22, com uma tarifa diária de 23 euros que inclui, entre outras facilidades (café-bar, cozinha, lavandaria e Internet), pequeno-almoço. O albergue de juventude, situado no coração do bairro de Saint-Jean, a apenas dez minutos a pé da estação ferroviária com o mesmo nome, a 15 do centro histórico e também próximo da Place de la Victoire, aceita reservas para um longo período mas somente a quem apresentar prova de estar a estudar na cidade — todos os outros, de passagem, não poderão prolongar a sua estada mais do que três noites. Para aqueles que, em viagem, não abdicam de um certo luxo, a cidade oferece alternativas verdadeiramente sumptuosas, como a Maison Fredon (www.latupina.com/maison-d-hotes-fredon-bordeaux), na Rue Porte de la Monnaie, 5 (a recepção funciona no restaurante La Tupina, mesmo em frente), num elegante imóvel do século XVIII inteiramente renovado, com preços entre os 180 e os 250 euros na época alta (varia consoante a dimensão do quarto escolhido e, no total, são apenas cinco) e com a possibilidade de, mediante o pagamento de mais 140 euros, jantar no referido restaurante, uma tarifa que corresponde a uma ocupação dupla e com direito a vinho e ao pequeno-almoço no dia seguinte. Um pouco mais barato, com tarifas entre os 90 e os 130 euros (150 para a Suite Prestige), o Hôtel des 4 soeurs, um dos históricos de Bordéus, está situado a dois passos da Place des Quincones e do Grand Théâtre, contando com 34 quartos que foram alvo de uma completa reforma em 2007 e onde, em 1850, ficou alojado o compositor alemão Richard Wagner, dividido entre compor a Lohengrin (que estreou nesse ano) e a sua relação com a jovem — e casada — pianista Jessie Taylor, que ele conhecera dois anos antes em Dresden.

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