Fugas - Viagens

  • Sousa Ribeiro
  • Sousa Ribeiro
  • Sousa Ribeiro
  • Sousa Ribeiro
  • Sousa Ribeiro
  • Sousa Ribeiro
  • Sousa Ribeiro
  • Sousa Ribeiro
  • Sousa Ribeiro
  • Sousa Ribeiro
  • Sousa Ribeiro
  • Sousa Ribeiro
  • Sousa Ribeiro
  • Sousa Ribeiro
  • Sousa Ribeiro
  • Sousa Ribeiro
  • Sousa Ribeiro
  • Sousa Ribeiro
  • Sousa Ribeiro
  • Sousa Ribeiro
  • Sousa Ribeiro
  • Sousa Ribeiro
  • Sousa Ribeiro
  • Sousa Ribeiro
  • Sousa Ribeiro
  • Sousa Ribeiro
  • Sousa Ribeiro
  • Sousa Ribeiro
  • Sousa Ribeiro
  • Sousa Ribeiro
  • Sousa Ribeiro
  • Sousa Ribeiro
  • Sousa Ribeiro
  • Sousa Ribeiro
  • Sousa Ribeiro
  • Sousa Ribeiro
  • Sousa Ribeiro
  • Sousa Ribeiro
  • Sousa Ribeiro
  • Sousa Ribeiro

Continuação: página 5 de 8

Sete dias na vida dos intha, os astuciosos filhos do lago

De forma gradual, o governo tem vindo a inculcar no espírito dos locais a necessidade de, em conjunto, promoverem medidas que evitem o que seria uma verdadeira catástrofe (para a agricultura, a pesca e o turismo) e, nesse sentido, os últimos tempos têm produzido uma série de iniciativas (não ignorando a situação social, económica e ambiental da população, já que, de um total de 400 mil, 25% vive abaixo do limiar da pobreza) que tornam o futuro menos sombrio: se, em 2010, ano de grande seca, o nível das águas superou todos os mínimos, nos últimos cinco anos as melhorias em termos de conservação já se fazem notar, com a plantação de árvores, criação de equipas que se responsabilizam pela limpeza, incremento do cultivo em terraços e desenvolvimento do sistema sanitário e de enterro. Há planos a longo prazo para tornar o lago sustentável mas para já — e por um período de cinco anos — está em marcha um projecto que conta com o apoio da UNPD (programa de desenvolvimento sem fins lucrativos das Nações Unidas) e do governo norueguês que, em conjunto, disponibilizaram cerca de 2,5 milhões de euros para a conservação e reabilitação do lago Inlé, abrangendo 71 aldeias. 

Despertar no mosteiro

A alvorada já se anuncia quando percorro a estrada de asfalto que me leva, sem grandes demoras, até Shwe Yaunghwe Kyaung, menos de três quilómetros a norte de Nyaungshwe, de encontro a um dos mosteiros mais fotografados do Shan State, com as suas janelas ovais que, uma vez, ou outra, servem de moldura para os jovens monges sorridentes. As primeiras horas da manhã, ainda sem qualquer turista — saltam dos autocarros, fotografam a correr, como se estivessem a roubar e a correr voltam para os autocarros — são as melhores para errar por este território tão embebido de silêncio, assistindo ao ritual do despertar, da primeira refeição, gozando do privilégio de me identificar com as suas vidas, com a sua rotina, pisando o soalho onde dormem, tão desprovido de conforto, austero, meia dúzia de livros e um ou dois cadernos guardados religiosamente numa caixa sem pretensões, por vezes encimadas por posters de jogadores de futebol famosos. Quando todos eles, terminadas as suas tarefas matinais, se perfilam, descalços, para dar início a uma caminhada pelas ruas da vizinhança, recolhendo alimentos — designação tão abrangente quando, na verdade, se trata apenas de arroz — sinto que também é o momento de me retirar e de pedalar de volta à cidade, com destino ao mercado de Mingala, logo à entrada de Nyaungshwe.

Uma jovem, com um rosto bonito, parcialmente coberto de tanaka, lança-me um sorriso, seguido de uma saudação e eu, por muitas voltas que dê ao cérebro por entre o labirinto das vielas do mercado, onde erram intha e outras minorias, como os pa-o ou os palaung, não consigo estabelecer uma relação entre aquela demonstração de simpatia e um hipotético encontro, algures, durante a minha permanência no lago Inlé. Mais à frente, quando fotografo o interessante jogo de luz e sombra sobre as bancas, deparo com Pu Sue Sue, conduzindo um grupo de turistas para as compras da sessão conjunta de culinária, um curso rápido para uma confecção lenta que ela, juntamente com o marido, ministra de há uns anos a esta parte.

--%>