Entre o lançamento da primeira pedra, a 10 de Junho de 1880, e a inauguração oficial passaram-se oito anos mas, finalmente, a obra pensada pelo arquitecto Rafael da Silva Castro enchia de orgulho a cada vez mais numerosa colónia portuguesa no Rio de Janeiro e atraía olhares de muitas outras nacionalidades.
Se o exterior seduz facilmente, funcionando como um corpo, o interior prende o olhar, como se da alma se tratasse. Ninguém escapa à beleza da clarabóia que deixa entrar a luz que ilumina o salão de leitura, ninguém se mostra indiferente às várias tonalidades que a decoram, às cores vivas das lombadas dos livros, à madeira, aos bustos e aos números que ostenta, com cerca de 350 mil volumes que incluem obras raras de Luís de Camões (Os Lusíadas de 1572) e mesmo o manuscrito de Amor de Perdição, de Camilo Castelo Branco, bem como centenas de cartas de escritores.
Washington, EUA
A Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos, na colina do Capitólio, em Washington, impressiona pelos números: no total, são mais de 160 milhões de itens que se estendem por estantes que ocupam, na sua totalidade, quase 1350 quilómetros. Ocupando três edifícios, o Thomas Jefferson, o John Adams e o James Madison Memorial, a biblioteca é considerada a maior do mundo, com um acervo constituído por 38 milhões de livros e de outro material impresso, 3,6 milhões de gravações, 5,5 milhões de mapas, mais de sete milhões de partituras, 14 milhões de fotografias e 70 milhões de manuscritos.
Todos os dias, a biblioteca recebe, em média, 15 mil itens, dos quais cerca de 80% são acrescentados à colecção no mesmo dia, dispondo, para tanto, de escritórios espalhados por cidades como Nova Deli (Índia), Cairo (Egipto), Jacarta (Indonésia), Rio de Janeiro (Brasil), Nairobi (Quénia) e Islamabad (Paquistão) que se encarregam de pesquisar, adquirir e catalogar material proveniente de outros 60 países.
Fundada a 24 de Abril de 1800, após decreto assinado pelo então presidente dos Estados Unidos, John Adams, a biblioteca que é a instituição cultural mais antiga do país foi incendiada a 24 de Agosto de 1814 na sequência da invasão das tropas britânicas, destruindo cerca de três mil volumes. Mas, logo em Janeiro do ano seguinte, o Congresso aprovou a compra da biblioteca privada de Thomas Jefferson, terceiro presidente e um dos principais autores da declaração de independência dos EUA, um total de quase 6500 livros que foram adquiridos por pouco menos de 24 mil dólares. Anos mais tarde, em 1851, também devido a um incêndio, sofreu danos irreparáveis, com a perda de 35 mil volumes e de um retrato original de Cristóvão Colombo.
Tendo como missão apoiar o Congresso no cumprimento dos seus deveres constitucionais e de promover o progresso do conhecimento e da criatividade, tudo em benefício do povo americano, a biblioteca desenvolveu também um sistema de classificação próprio, usado noutras bibliotecas universitárias e como importante ferramenta de investigação.
Os números voltam a impressionar: mais de metade da sua colecção de livros e outras publicações não está escrita em inglês — na verdade possui uma amostra representativa de 470 idiomas que inclui a mais expressiva (fora da Rússia) compilação de material na língua russa (perto de 800 mil exemplares), entre outros máximos.