Fugas - Viagens

  • Nelson Garrido
  • Daniel Rocha
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  • Nuno Ferreira Santos
  • Nuno Ferreira Santos

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Silêncio, vamos entrar no templo dos livros

Pequim, China

Na China tudo é grande e a Biblioteca Nacional da China, em Pequim, não constitui excepção: com quase 35 milhões de itens, é a maior da Ásia e uma das maiores do mundo, com uma impressionante colecção de literatura chinesa e de documentos históricos de diferentes partes do globo.

Fundada em Setembro de 1909 pelo governo da dinastia Qing, apenas abriu as suas portas oficialmente em 1912 (após a Revolução Xinhai, também conhecida como Revolução de 1911 e que depôs a última dinastia imperial), numa altura em que já muitas províncias da China possuíam um espaço dedicado ao livro, um desejo que nasceu muito por culpa dos relatos de viajantes chineses que, percorrendo alguns países ocidentais, se aperceberam de como as bibliotecas atraíam um grande número de leitores.

Muitas das preciosidades da biblioteca são, com efeito, alusivas às dinastias que marcaram a história da China, bem como o Siku Quanshu, a biblioteca completa em quatro secções, uma compilação que nos remete para o período Qianlong da dinastia Qing e que foi a maior obra antes do país abraçar a modernidade, num total de mais de 36 mil volumes e mais de seis mil caixas que estão divididas por mais de uma centena de estantes.

Ocupando uma área que se estende por 170 mil metros quadrados, a biblioteca tem de tudo um pouco (neste caso muito): milhares e milhares de livros antigos, milhões de outros costurados, inscrições em ossos oraculares, ideogramas gravados em cascos de tartaruga, manuscritos das grutas de Mogao, também conhecidas como as Cavernas dos Mil Budas e escavadas no ano de 366, no noroeste do país, cópias de sutras budistas do século VI, entre muitas outras colecções belas e raras.

Por vezes, sento-me num dos bancos do jardim, agora de pedra, onde em tempos existia um pequeno lago, com umas pedras irregulares, com os seus peixes vermelhos e alaranjados. O cheiro das tílias desapareceu. O coreto não é mais do que uma memória que se afasta. Só o sino vai repicando, como sempre, recordando-me que o tempo não se detém. Fico por ali, sereno, à espera daquele carro cinzento que primeiro, mal dobrava a curva, mostrava o seu focinho.

Espero em vão. É como se aquela ausência roubasse uma parte da minha vida. Mas os livros, esses, continuam vivos.

As bibliotecas de Portugal

Viajar torna o ser humano mais rico mas, ainda que valha a pena, não é necessário passar a fronteira para ver algumas das mais belas bibliotecas do mundo. Algumas delas estão em Portugal.

Na Universidade de Coimbra encontramos a Biblioteca Joanina, essa obra-prima do Barroco que começou por ser a Casa da Livraria, construída entre 1717 e 1728 — mas recebeu os primeiros livros apenas em 1750 — e que presta homenagem àquele que é considerado o seu patrono, D. João V.

O interior faz abrir a boca de espanto, com as suas colunas, as suas estantes de madeira de carvalho revestidas de folhas de ouro, com quase 60 mil volumes, os seus motivos chineses, as suas cores, os pavimentos e os tectos. Para que melhor se preserve, conta com uma colónia de morcegos que tratam de afastar os insectos, perpetuando a vida dos livros.

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