Fugas - Viagens

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  • Nuno Ferreira Santos
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  • Miguel Manso
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Devemos muito à Grécia, incluindo uma visita

Outros estrangeiros que se associaram aos comités internacionais de luta para a libertação da Grécia, que acabou com a reinstauração da monarquia e subida de Oto (da Grécia, sobrinho do Oto da Baviera) ao trono, ajudaram o país a recuperar as suas raízes nacionais. Isso é patente no desenvolvimento dos estudos arqueológicos e também na própria arquitectura. É por isso que encontramos tanta arquitectura neoclássica em Atenas.

Veja-se o Zappeion, um centro de congressos e feiras cuja concepção tem tudo a ver com a restauração da independência da Grécia e duas tendências muito características do século XIX, a exaltação nacional e promoção industrial através das exposições mundiais. Construído em 1888 pelo magnata Evangelis Zappas, o Zappeion propunha-se albergar eventos desportivos relacionadas com o relançamento dos Jogos Olímpicos e realizações culturais paralelas. Com um imponente pórtico coríntio, foi inaugurado em 1888, a tempo de acolher as provas de esgrima das primeiras Olimpíadas da Era Moderna, em 1896, e serviu de aldeia olímpica aos Jogos de 1906. Depois, foi sucessivamente sede da emissora nacional, hospital, armazém, esteve abandonado e chegou a equacionar-se a sua demolição. Hoje é um moderno centro cultural e de congressos. Fica a cerca de 45 minutos de metro, a partir do centro da cidade.

Atenas também dispõe de tram, eléctrico rápido, que tem a vantagem de nos permitir ver as ruas enquanto nos deslocamos. Não é difícil orientarmo-nos com um mapa: a sinalização pública adopta a dupla grafia e praticamente tudo aparece escrito com o alfabeto gregos e com caracteres ocidentais.

Plaka e tavernas

Só em 1834 é que Atenas, então com apenas cerca de cinco mil habitantes, se torna capital da Grécia, com um plano de modernização e expansão da cidade. Nessa altura, a zona mais densamente povoada de Atenas era justamente o bairro de Plaka, na encosta oriental da Acrópole. Também é sobretudo neste bairro que os turistas encontram as tavernas, como a Kalokerinos ou a Stamatopoulos, que combinam a comida com o folclore grego, ao jantar — serão primas, muito mais barulhentas, das casas de fados de Lisboa. É certo e sabido que aqui há-de ouvir, pelo menos uma vez, o tema ao som do qual dança Anthony Quinn, no filme Zorba, o grego (Michael Cacoyannis, 1964) — uma adaptação que Mikis Theodorakis compôs da música e dança sirtaki para o filme — e outras músicas tocadas no bouzouki, um instrumento de cordas de som bem metálico e mediterrânico. Nestas tavernas com música e danças assiste-se também à dança do ventre, uma influência turca que não foi enjeitada.

Ao assistir à interpretação das canções e danças gregas mais animadas, prepare-se para ouvir, muitas, muitas vezes, alguém gritar “Opaaa!” Antigamente isto era uma manifestação de aprovação, por parte do público, em relação à actuação de músicos ou dançarinos. Um sentimento que se expressava também através do arremesso de pratos ao chão. O efeito sonoro é interessante, o gesto também deve ter efeitos terapêuticos significativos no combate ao stress, mas o arremesso de pratos levanta questões de segurança e até económicas que hoje em dia o limitam a situações muito excepcionais, e cada vez menos urbanas. Já o “Opa” — é mais uma interjeição, sem significado preciso; qualquer coisa como um “É lá” português — é tão acessível que passou a ser proferido pelos próprios músicos e dançarinos. O “Opa” é viciante. Deixa-nos à procura de pretextos para voltar a gritar “Opaaa!”, nem que seja para dentro.

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