Fugas - Viagens

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Devemos muito à Grécia, incluindo uma visita

Por Álvaro Vieira

O país que nos deu muitos dos nossos princípios civilizacionais continua a ter muito para oferecer. O passado estará sempre muito presente, mas a Grécia não é apenas história. E há mais país além das notícias sobre as crises da dívida soberana e dos refugiados. Há um povo que quer ser feliz.

Não é preciso puxar muito pela cabeça para inventar argumentos para visitar a Grécia, para mergulhar no azul da paisagem, flutuar na densidade salgada do mitológico mar Egeu ou imergir no casario branco que se estende a perder de vista de Atenas. Até podem ser os 2792 anos dos primeiros Jogos Olímpicos da Antiguidade, agora que, a partir de 5 de Agosto, se realizam as XXXI Olimpíadas da Era Moderna, no Rio de Janeiro. Num estado com o património da República Helénica, que foi berço da democracia, da filosofia, que nos legou boa parte dos nossos princípios civilizacionais, são muitos os pontos de interesse cultural que se impõem. E é claro que num país com 1400 ilhas, algumas bem diferentes de todas as outras, e 13.700 quilómetros de costa, será praticamente impossível não encontrar uma praia que nos encha as medidas. De resto, a quantidade e variedade do território insular em causa é tanta que seria possível passarmos anos a compor sucessivas visitas à Grécia, sempre com razoável dose de novidade.

Nos últimos anos, o turismo, de longe a principal indústria grega, que costuma representar cerca de 20% do Produto Interno Bruto, foi o esteio da sobrevivência de um país cuja economia em 2013 já se tinha contraído mais de 25% face a 2007, quando ainda crescia a 4% ao ano! A crise financeira da república em 2010 e, pouco tempo depois, a crise geral das dívidas soberanas da zona euro atiraram a Grécia para o que se sabe: austeridade, recessão, desemprego superior a 25% (está a descer, vai agora nos 23%), alguma convulsão política e social. Em cima disto, a crise dos migrantes do Próximo Oriente e do Norte de África tem nas costas gregas alguns dos seus principais cenários.

Significa isto que os turistas passaram a evitar a Grécia? Muito pelo contrário. Há quem lhe chame um “milagre”, como o The Guardian num artigo de Maio, mas o facto é que a visita dos turistas tem vindo a aumentar desde 2013. Não é fácil dizer se houve mais gente a rumar à Grécia por um impulso de solidariedade, por vontade de ajudar assim o país, ou se o acréscimo de visitantes teve a ver com o facto de estes terem acreditado que a crise ditaria uma descida acentuada de preços (que nunca foi muito perceptível).

Atenas em alta

Só no centro de Atenas, que espera este ano um recorde de 4,5 milhões de turistas, há nove novos hotéis em construção. O turismo na Grécia, do qual depende um em cada cinco empregos, está a crescer ao dobro ou triplo da velocidade do crescimento registado em Portugal, Espanha, França e Itália e em 2015 assegurou outro recorde. Foi responsável por 24% do PIB! E os recentes atentados na Turquia, o vizinho que disputa turistas com a Grécia, só farão acentuar esta tendência. Em Portugal, a Fugas apurou que, nalguns balcões de agências de viagens onde Istambul e a Capadócia costumavam ter bastante saída, a procura destes destinos se reduziu a praticamente zero.

O que tem Atenas de especial? Calor, muito calor nesta altura do ano. Entre as terceira e quarta semanas de Junho, a visita da Fugas coincidiu com uma onda de calor, o que resultou numa subida à Acrópole com uma temperatura de mais de 40º. Não tem que ser sempre assim, mas aconselha-se chapéu e protector solar. Uma subida deve é passar, obrigatoriamente, pelo Areópago, o pequeno monte onde no ano 54 o apóstolo Paulo terá proferido o sermão A Um Deus Desconhecido, e pelo Odeon (século II d.c.) de Herodes Áticos, que continua a funcionar como espaço de concertos com capacidade para cinco mil espectadores e onde já cantaram, por exemplo, Dulce Pontes e Mariza.

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