Fugas - Viagens

  • Miguel Madeira
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  • Nuno Ferreira Santos
  • Nelson Garrido
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  • Nuno Ferreira Santos
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  • Miguel Manso
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Devemos muito à Grécia, incluindo uma visita

As excursões a Éfeso trazem anexadas visitas — que incluem passagem de modelos! — a fábricas de roupa e carteiras em pele. Depois de percorrer as ruas de Éfeso, Património da Humanidade, e viajar milhares de anos no tempo, é um choque de realidade.

A primeira escala deste cruzeiro, a meio da tarde do primeiro dia a navegar, desde o porto de Piréus, é Mikonos, conhecida pela “ilha branca”. Acidentada, cheia de estradas estreitas por entre campos divididos por muros de pedra, Mikonos vale sobretudo pelo fim de tarde na sua “Pequena Veneza”, uma baía guardada por uma bateria de moinhos de vento, aos pés dos quais antigas casas de marinheiros mais abastados, debruçadas sobre o mar e às vezes com partes assentes em estacas, abrigam hoje bares e restaurantes.

A pequena igreja ortodoxa de Mikonos, profusamente pintada, também merece uma visita. No lado oposto ao da santidade, na libertina Paradise Beach, há praias com águas quentes, alguns nudistas e bares de música electrónica, shots e animadores e animadoras em fato de banho sobre as colunas. Mikonos tem uma reputação a defender: de ilha gay friendly, com bares icónicos como o Jackie O. As ruas muito estreitas de Mikonos, com muitas lojas de luxo e casas brancas com escadas e portas e janelas vermelhas, azuis e verdes-água formam um labirinto onde é difícil avançarmos rápido, tanta é a gente, e onde é fácil perdermo-nos.

Ninguém corre esse risco em Patmos, ilha muito mais desafogada. Tal como em Mikonos, abundam as moto4 de aluguer, que muitos gregos usam para se deslocarem na ilha, sempre sem capacete. Aqui se encontra a gruta do Apocalipse, onde São João Evagelista, que também aqui viveu, terá ouvido a voz de Deus.

A fama da ilha de Rodes continua a advir sobretudo de algo que há muito não existe: o colosso de Rodes. Uma estátua enorme, com 30 metros de altura e revestida a bronze, de uma figura humana (Apólo, Hélio?) que segurava uma tocha, a servir de farol, era uma das sete maravilhas do mundo antigo. Durante muito tempo pensou-se que o colosso estaria à entrada do porto, onde agora se encontram estatuetas de cervos, mas hoje sabe-se que não era assim e que a escultura estava mais para o interior da cidade.

Rodes é a mais oriental das ilhas gregas. Paradoxalmente, é daquelas onde sentimos mais a presença europeia. Também Património Mundial, as ruas empedradas da cidade medieval, com casas de ordens de cavaleiros europeias, sugerem-nos embaixadas. Ainda mais quente do que o resto da Grécia, há por aqui vários recantos com água e sombra e edifícios de influência otomana.

Ao longo da marina e avenida marginal anunciam-se várias excursões de barco, para observar o fundo marinho, visitar as suas praias ou descobrir a “baía Anthony Quinn”. Conta-se que, apaixonado por Rodes, onde decorreram as filmagens de Os canhões de Navarone (J. Lee Thompson, 1961), o actor mexicano-norte-americano, de ascendência irlandesa, antes ainda de se tornar Zorba, o grego em 1964, decidiu comprar os terrenos em volta de uma enseada paradisíaca para aí construir um centro internacional para cineastas e artistas em geral. O caso acabou no Supremo Tribunal grego, porque as autoridades do país, depois de encorajarem a compra, acabaram por concluir que os terrenos não eram alienáveis. Os herdeiros de Quinn continuam a disputa com a República Helénica.

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