Fugas - Viagens

  • Miguel Madeira
  • Joana Bourgard
  • Yiorgos Karahalis/Reuters
  • Nuno Ferreira Santos
  • Nelson Garrido
  • Cathal McNaughton/Reuters
  • Nuno Ferreira Santos
  • Joana Bourgard
  • Miguel Manso
  • Miguel Manso
  • Nelson Garrido

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Devemos muito à Grécia, incluindo uma visita

A mesma influência turca é sugerida pela tradição do regatear no comércio. Na Grécia não se regateia tudo, como é evidente. Os preços na restauração, nas lojas de multinacionais, nos transportes e outros serviços públicos, nos inúmeros táxis amarelos em serviço urbano — bem mais acessíveis do que noutras capitais europeias — não se discutem. Mas em relação ao resto, desde que não o faça diante dos outros clientes, desde que não prejudique os negócios futuros do comerciante, pode sempre tentar fazê-lo.

Estará, contudo, a perder tempo se o fizer no Brettos Bar, ainda em Plaka. É fácil dar com ele na rua Kydathinaion: é onde houver uma data de turistas a tirar fotografias da porta. Num país com sólidas tradições na invenção de líquidos alcoólicos, como o ouzo (licor de anis), a Metaxa (espécie de cognac) e a retsina (vinho branco ou rosé exposto a resinas que se usavam para selar as ânforas na antiguidade), o Brettos Bar, casa fundada em 1909, especializou-se nos licores, de receita caseira, para consumir no local e para levar para casa. Visto da rua, parece uma biblioteca ou uma farmácia, com a sua decoração em madeira e prateleiras cheias de cor e de luz. Curiosamente, no interior, quem se vê a consumir mesmo não são turistas mas atenienses. Com ar satisfeito, de quem está a pensar baixinho em “Opaaaa!”.

Mar Egeu
O paraíso dos cruzeiros

Qual é a melhor maneira de descobrir um país com mais de 200 ilhas habitadas, incluindo dezenas com património natural e histórico únicos? Só podia ser de barco.

Os cruzeiros são a forma mais prática de conhecermos, ou espreitarmos, várias ilhas gregas na mesma viagem. As ilhas não são apenas o cartaz mais popular da Grécia: justamente por causa do seu património histórico e natural, elas ajudaram a conformar o país que hoje conhecemos. E não há intimidade possível com a Grécia sem um mergulho no seu azul de céu e mar, sem nos expormos aos seus ventos e nos encadearmos com a luz do sol reflectida por casas caiadas de um branco imaculado.

Os programas de cruzeiros são inúmeros, cada companhia tem vários, com diferentes condições de alojamento e, naturalmente, diferentes preços. Convém ponderar bem, em terra, se não lhe convirá adquirir um pacote de bebidas, incluindo alcoólicas ou não, à discrição no navio.

A Fugas fez um cruzeiro que passou pelas ilhas de Mikonos, Patmos, Rodes, Creta e Santorini, visitando ainda Kusadasi, na Turquia. Embalada pela vitória na guerra pela restauração da independência face aos otomanos, a Grécia fez uma mal-sucedida tentativa de invasão da actual Turquia em 1822 que teve por consequência o fim dos quatro mil anos de presença helénica ininterrupta na costa oriental do Egeu.

Hoje, a escala em Kusadasi, com os seus minibazares de artigos em pele, em algodão e relógios contrafeitos  — genuine fake watches, lê-se por toda a parte — vale sobretudo a pena por partirem daqui excursões para as ruínas da fantástica cidade de Éfeso. Fundada pelos helénicos, chegou a ser a segunda cidade mais importante do Império Romano. As ruínas do complexo dos banhos e latrinas públicas, a fonte de Trajano, de cuja estátua resta um pé, as fachadas do templo de Adriano e da biblioteca de Celso, as casas das famílias mais ricas permitem-nos imaginar como seria a cidade, numa altura em que o mar, hoje a cerca de 20 quilómetros, chegava até aqui e em que os apóstolos Paulo e João pregavam nas colinas em volta. Um dos locais mais visitados é a casa que se acredita ter sido a última que a Virgem Maria habitou. Entre a cidade e o mar ficou um vale, de aluvião, por onde serpenteia, indeciso, o rio Meandro.

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