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Eslovénia, por entre castelos encantados

Idrija, a despeito de estar situada próxima da capital eslovena, para oeste, é praticamente ignorada pelos grandes circuitos turísticos, como uma boneca com quem a criança, agora já numa idade adulta, deixou de sentir prazer em brincar.

É pena – assim penso eu e muitos dos não mais de seis mil habitantes. 

Para conhecer a história do castelo de Gewerkenegg é fundamental trilhar, em primeiro lugar, as etapas da vida de Idrija (cuja toponímia provém de hydrargyrum, a palavra latina para mercúrio), reconhecida (o seu património mineiro) pela UNESCO desde 2012. Em finais do século XV, reza a lenda, um fabricante de baldes de madeira, vertendo água para um deles, sentiu-o tão pesado que não o conseguiu mover – um mistério para este homem que, ignorando o fenómeno nunca visto, rumou a Škofja Loka para se elucidar, quase com a mesma velocidade com que a notícia se espalhou, provocando a corrida ao mercúrio no vale de Idrija. Assim, no mesmo local da descoberta não tardou a ser construída uma igreja, as escavações não cessavam (a segunda maior mina de mercúrio do mundo apenas superada por Almadén, em Espanha), nasceram moradias, teatros, escolas e, já em 1533, um castelo que, servindo de armazém, beneficiava também da sua localização estratégica em caso de eventual ataque turco.

Dominando o núcleo antigo de Idrija, o castelo foi construído em estilo renascentista mas todo o complexo foi renovado já no século XVIII, altura em que foi dotado de um pátio interior e de um conjunto de frescos com uma tonalidade ocre que abraçam janelas e arcadas num puro contraste com as suas paredes exteriores, despidas de motivos decorativos.

Actualmente, Gewerkenegg acolhe o museu Idrija, cuja atracção principal, entre exposições permanentes e temporais, é uma exibição que percorre a história mineira ao longo de cinco séculos, as origens e o desenvolvimento da cidade, mas também uma importante amostra de rendas (a ocupação das mulheres dos mineiros, já nos finais do século XVII, que conduziu à abertura da primeira loja em Idrija, em 1860), uma réplica de uma casa típica de um mineiro no início do século passado e espaços que perpetuam as memórias do escritor France Bevk e do político  Aleš Bebler, bem como uma colecção de quadros oferecidos ao museu pela galerista Valentina Orsini Mazza.

Ao longo do ano, são várias as manifestações culturais que têm o castelo como cenário, incluindo concertos e conferências, mas se a sua visita não coincidir com algum evento não perca a oportunidade de visitar, a curta distância, a maior roda de madeira da Europa (com 13, 6 m de diâmetro), que servia para bombear a água e esteve em funcionamento entre 1790 e 1948, de caminhar ao longo do canal Rake, de admirar o bonito lago Divje e, escondida no meio da floresta nos limites do planalto de Vojsko, a pouco mais de uma dezena de quilómetros de Idrija, a tipografia (bem preservada) onde era impresso o único jornal da Resistência em toda a Europa durante a II Guerra Mundial.   

Predjama

A rocha forma um arco irregular, a pedra está despida mas logo, mais acima, se veste com o verde das árvores que trepam na presunção de se juntarem à abóbada por onde caminham alguns fiapos de nuvens. Sob o arco e, como uma língua saindo de uma boca, o castelo, com janelas de diferentes tamanhos, é banhado pelos raios do sol, confirmando, como tentam convencer muitos dos guias e panfletos turísticos, que é uma das mais belas jóias deste pequeno tesouro chamado Eslovénia.

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