Fugas - Viagens

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O Natal cheira a amêndoas torradas e vinho quente

Nós chegamos no Natal para nos deixarmos envolver pelos mercados que aqui se organizam. E são dois: um em torno do ringue de gelo que se monta anualmente na Marktplatz — e com ele vêm as barracas de madeira, com terraço, onde as bebidas quentes são rainhas e senhoras; outro, o “verdadeiro”, no centro histórico, onde se pode encontrar tudo o que preenche o nosso imaginário natalício.

Já lá iremos. Wiesbaden desenvolveu-se sobretudo a partir de 1750, apesar de os romanos já conhecerem as propriedades das suas águas, boas para reumatismo, artroses, doenças respiratórias. O seu centro é, por isso, atravessado por boulevards, como Wilhemstraße (conhecido popularmente como “rue”), onde se alinham edifícios neoclássicos, como o palácio branco construído no século XIX para o herdeiro do Ducado de Nassau, que nunca aqui viveu porque a mulher, uma grã-duquesa russa, morreu ao dar à luz; e esse é o pretexto para uma visita à igreja russa, no cimo de uma colina, com as suas espirais douradas a pairar sobre a cidade — foi construída como monumento funerário para a grã-duquesa. A família real russa era, aliás, uma das mais assíduas em Wiesbaden, assim como outros nomes sonantes do país, Dostoievsky, por exemplo.

O escritor russo era presença habitual no casino da cidade (que inspirou O Jogador) e é em direcção a este que caminhamos pela Wilhemstraße. Fica no chamado Kureck (“canto do spa”), parte do Kurhaus (“casa do spa”) e para lá chegarmos atravessamos o Kurpark (“parque do spa”), onde o ringue de gelo está instalado, ao lado de um lago. Há música no ar (nada natalícia) e perto do ringue o ambiente é quase de discoteca ao ar livre com a fachada do Hessian Stadt Theatre como cenário. Paragem para Glühwein e uma curta caminhada leva-nos até ao Kurhaus, edifício monumental (reformulado no início do século XX pelo Kaiser Guilherme II) em estilo neoclássico e fachada Belle Époque, no topo de um jardim-alameda ladeado de edifícios com colunatas — o conjunto é impressionante.

É no coração do centro histórico de Wiesbaden que se instala o mercado de Natal, na Schlosspaltz, entre a antiga residência oficial dos duques, a antiga e a nova Rathaus, e em redor da Marktkirche. São 133 barracas onde a variedade é a maior que encontramos, embora, claro, tudo gire em torno do mesmo, desde as decorações natalícias às cerâmicas, dos brinquedos e utensílios de madeira aos de vidro, dos produtos de lã e figuras de feno às de feltro, do chocolate às bolachas de gengibre, dos vinhos aos queijos, atoalhados bordados e velas. Junto à pirâmide de Natal fica a “zona da alimentação” com sopas, salsichas, churrascos, Dinnete (tipo pizza, sem queijo) e até especialidades austríacas, como as Kaiserschmarren, uma espécie de panquecas — não faltam, claro, bebidas quentes. Mesmo junto à igreja do mercado, o espaço para crianças, um carrossel histórico hipnotiza todos.

Rüdesheim am Rhein

Não precisamos de nos afastar muito de Wiesbaden para começarmos a ver vinhas em leves ondulações do terreno — estamos em Rheingau, o distrito do Reno, também conhecido como a “Riviera alemã”, pela proximidade com o rio Reno e o clima ameno. Um clima propício para os vinhos, especialmente o Rheingauer Riesling. É também território de castelos, fortalezas e mosteiros medievais — é num destes a primeira paragem. O mosteiro de Eberbach pode não dizer muito à maioria, mas se dissermos que aqui foram filmadas as cenas interiores do filme O Nome da Rosa talvez ajude (Sean Connery chegou mesmo a ter aulas com o coro gregoriano daqui).

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