Fugas - Viagens

  • Claus Langer
  • Nick Bookelaar
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Eindhoven: a cidade da luz é agora capital do design

Louis Croonen fez o percurso inverso: nascido em Eindhoven, saiu para Amesterdão em 2009. Lembra-se de se falar muito na capital do turismo excessivo. “Uma vez disse que em Eindhoven tivemos um grupo de turistas e saiu na primeira página do jornal”, ironiza. Tudo mudou. Louis voltou em 2015 e em Janeiro de 2016 abriu o Calypso, restaurante e bar. “Vimos logo que tínhamos de ter menus em inglês.”

“Blob” e a ardósia

Não parece, mas Eindhoven, cidade do Brabante do Norte, tem pergaminhos antigos, que remontam pelo menos ao século XIII. Guerras e incêndios foram apagando o passado que na reconstrução do pós-II Gerra Mundial tão pouco foi prioridade. Por isso, circulamos pela cidade e o que chama a atenção é a herança industrial e os edifícios mais arrojados, parte do projecto da década de 1990 de transformar Eindhoven na capital holandesa do design. Curiosamente, um dos mais futuristas foi construído antes, em 1966, para assinalar os 75 anos da Philips: o Evoluon corresponde quase exactamente à imagem que temos de um ovni (já foi museu, mas agora só abre para eventos). Mas é na 18 Septemberplein (Praça 18 de Setembro), o novo centro da cidade, que a arquitectura de vanguarda mais respira, sempre tutelada pela Philips: de um lado, pela estação ferroviária, com um dos edifícios a simular um rádio, e do outro pela Lichttoren, a Torre da Luz (contígua à “Dama Branca”) – e daqui se fazia luz para Eindhoven e redondezas: no topo testavam-se as lâmpadas. E, então, neste canto vê-se um recanto quase futurista, que começa inapelavelmente na obra do arquitecto italiano Massimiliano Fuksas “Blob” (com lojas), difícil de descrever em toda a fluidez dos seus contornos, que seriam ortogonais não fora um alongamento, desenhados a aço pintado de branco e vidro escuro. É o principal ícone desta zona de vocação claramente comercial, apesar de ter como competidor o De Admirant, o edifício mais alto de Eindhoven (105 metros), que até deu o nome desta a esta área.

Na verdade, parece que caminhamos num centro comercial ao ar livre — saindo da praça, há lojas, centros comerciais, alguns “alternativos”, como o The String, uma rede de designers que ao sábado abre com DJ. Acabamos a desembocar no indispensável Museu Philips: a fachada envidraçada empresta-lhe um ar moderno, que condiz com a restante zona, pedonal, mas essa é na verdade um acrescento àquela que foi a primeira fábrica da empresa.

A caminhada não é longa até chegarmos até outro símbolo arquitectónico de Eindhoven, também um museu. Até lá, passamos pela câmara municipal, edifício de betão de 1969 pouco consensual, que tem na praça em frente um parque de skate. A entrada do Museu Van Abben, de arte moderna e contemporânea, não está muito distante — o Oudbouw, o velho edifício. Edifício de tijolo vermelho, simetricamente distribuído a partir de uma torre com relógio, perde todo o protagonismo, fotográfico pelo menos, para a nova extensão (Nieuwbouw, novo edifício) inaugurada em 2003, desenhada por Abel Cahen. Também ela com uma torre a dominar, tem formas angulares acentuadas revestidas de ardósia islandesa e grandes transparências.

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