Fugas - Viagens

  • Claus Langer
  • Nick Bookelaar
  • Fotostudio Fons Strijbosch
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Eindhoven: a cidade da luz é agora capital do design

O contraste não podia ser maior entre as duas alas do museu integrado num entorno natural especial — na margem do rio Dommel, que aqui foi artificialmente alargado, formando um pequeno lago entre ambas. O café do museu é o espaço ideal para usufruir deste entorno: a esplanada está sobre o lago e também pode ser acessível por uma entrada à parte — uma pequena ponte coberta nas traseiras do museu que é uma obra de arte por si, com design do artista e arquitecto John Körmeling, uma pequena casa de madeira pintada em rosa forte que se ilumina à noite.

Se a união arquitectónica é inesperada, a filosofia do museu tão pouco é usual. “Há 10 anos que estamos a experimentar coisas novas”, confessa a guia, “e a trabalhar com designers”. A ideia do museu está a mudar, explica, “o artista nunca teria imaginado as suas obras assim, num cubo branco”. Assim, podemos contemplar as obras noutro ambiente, por exemplo, em salas cobertas com papel de parede (também ele obra de designers) alusivos à época em que foram criadas. “Este museu não quer ser visto como uma torre de marfim.” Não é de marfim, mas o perfil esguio da torre Vesteda tem contornos de diamante e é um dos símbolos arquitectónicos modernos mais reconhecidos de Eindohven — em 2007 foi considerado o “edifício do ano” no país.

Um novo carisma

Se o rio Dommel agora é um eixo de lazer em Eindhoven, cidade onde não faltam parques, já foi uma via de comunicação importante. Nesta cidade industrial, muito chegava e partia através dele. Ao longo de uma porção das suas margens, alinham-se velhos edifícios de tijolo do que foram fábricas e agora podem ser qualquer coisa por detrás dos portões pesados. Transpomos um: ateliers fechados e The Bottle Distilery, onde se faz brandy, gin, licor e vodka. Voltamos à entrada que pertence totalmente à cerveja: de um lado está a fábrica artesanal da Stadsbrouwerij Eindhoven (visitas guiadas com degustações), do outro a cervejaria 100 Watts. Pertencem a donos diferentes, mas estão umbilicalmente unidas: um produz, o outro vende. Depois de alguns anos em que a produção de cerveja artesanal na zona decaiu, parece que voltou a florescer e este binómio é apenas um dos exemplos. Cumpriu um ano e 36 receitas, das “mais fáceis” às “mais exóticas”. “As pessoas aqui agora estão mais exigentes, querem boa cerveja, bom vinho”, sublinha Youri que, e já o havíamos escutado de outras bocas, não hesita em comparar Eindhoven a uma “pequena Berlim”.

Nas bocas de Eindhoven anda também um novo restaurante, The Fat Angel. Abriu em Novembro de 2016 e arranjar reserva é muito difícil, repetem-nos. Para o jantar, confirma o proprietário, o português Pedro Ferrão. Tem tudo a ver com o próprio ritmo de vida dos holandeses, explica, ele que vive há 17 anos a poucos quilómetros de Eindhoven: tiram pouco tempo para almoçar e valorizam mais o jantar. “Vêm às 18h e podem sair à meia-noite. É muito difícil trabalhar. Se rodo uma ou duas mesas por noite é uma sorte.” Aqui em Eindhoven, nos últimos anos, apareceram, aliás, vários restaurantes de fine dining, sublinha — na verdade, existem vários restaurantes com estrelas Michelin na cidade e redondezas.

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