Fugas - Viagens

  • Juan Carlos Ulate/Reuters
  • Sattler/Ullstein Bild via Getty Images
  • De Agostini/Getty Images
  • Sousa Ribeiro
  • Sousa Ribeiro

Parque Manuel Antonio, um jardim com vista para o Pacífico

Por Sousa Ribeiro

Criado em 1972, o Parque Nacional Manuel Antonio, na Costa Rica, acolhe 400 mil visitantes por ano e abriga um número respeitável de pássaros e de mamíferos, uma densa vegetação e praias de sonho, com areias douradas e águas azuis.

Não gosto de visitar um lugar, mesmo que seja um parque natural, com um guia turístico. E nada tenho contra eles, respeito a sua profissão, simplesmente entendo que retiram espontaneidade à minha incursão, que me abstraem do essencial, da serenidade que espero encontrar, mesmo que nada, sem a ajuda de alguém mais familiarizado com o espaço físico e com os sons, se depare à minha frente, nem um único animal, nem uma única ave, tantas árvores cujo nome desconheço e fazem de mim um ignorante.

É mesmo assim.

Mas, ainda fora do Parque Nacional Manuel Antonio, em cuja direcção caminhara desde a aldeia homónima na presunção de que estava tão próximo, passando pela playa Espadilla Norte, aquela que os mais intímos chamam a primeira praia, com as suas areias brancas, simpatizei desde logo com Manuel Cabalceta Méndez, a desfrutar de uma pausa entre as muitas aventuras que o ocupam, dia e noite, palmilhando os trilhos do parque criado já em 1972, a verdadeira jóia do litoral pacífico que abarca dois mil hectares de terra e 55 mil hectares de água.

A fila para aquisição dos ingressos estende-se por uns metros, o sol já deposita os seus raios com força, sinto que posso aguardar um tempo mais tranquilo, que o que me espera pode continuar a esperar-me, que a minha vida não mudará significativamente se ficar por ali escutando as histórias que Manuel Cabalceta Méndez tem para me contar e só depois, em silêncio, explorar então o parque. Aprecio particularmente o início da conversa – que é mais um monólogo.

- Hoje em dia, ser guia turístico representa muito mais do que saber dizer macaco em inglês ou em francês. É necessário conhecer a história do país a fundo, a história natural, política, religiosa, a arte, as tradições, a cultura, ser também um chef,  porque não raras vezes os turistas me pedem que lhes envie um email com a receita de um bom ceviche ou de um típico gallo pinto.

É, na Costa Rica e um pouco por toda a América Central, o meu pequeno-almoço preferido. Aprecio, às primeiras horas da manhã, aquele arroz com feijões, quase sempre com um ovo, que me abre uma nova luz sobre o dia, da mesma forma que, sem transpor a porta da entrada, Manuel Cabalceta Méndez me flanqueava o acesso, ainda que imaginário, ao parque Manuel Antonio, onde afluem cerca de 400 mil visitantes por ano, o que faz dele o segundo mais procurado pelos turistas na Costa Rica, logo depois do Parque Nacional Volcan Poás — um número exagerado que já levou os responsáveis a limitarem as entradas a 600 por dia durante a semana e a 800 aos fins-de-semana.

- A minha história como guia naturalista em Manuel Antonio tem uma relação directa com o surf. Desde os meus anos de surfista adolescente que comecei a levar outros surfistas um pouco por todo o país em busca das melhores ondas e dos lugares secretos. Assim foi passando o tempo e a quantidade de cenários impressionantes, onde a natureza reinava, produziu no meu cérebro uma mudança face ao que definira para o meu futuro — desta forma, inscrevi-me nos cursos requeridos para me tornar num guia naturalista, certificados pelo Instituto Costarricense de Turismo (ICT).

--%>