Fugas - restaurantes e bares

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Avillez recupera os sabores da cidade no novo Café Lisboa

Por Alexandra Prado Coelho ,

Pastéis de massa tenra e croquetes acabados de fritar, pastéis de nata ainda quentinhos, bifes que lembram os antigos cafés de Lisboa - o recém-inaugurado restaurante de José Avillez, no Teatro São Carlos, é uma homenagem à cidade e aos seus pratos tradicionais.

Diz-se que a sorte protege os audazes e talvez seja isso que explique os dois mais recentes golpes de sorte do chef Avillez: primeiro, o espaço do bar do Teatro de São Carlos, em Lisboa, do outro lado da rua do seu restaurante Belcanto, ficou livre. Era o lugar ideal para o projecto, com que Avillez sonhava, de um restaurante que recuperasse algum espírito dos antigos cafés lisboetas, locais de tertúlias, de encontro entre artistas e intelectuais, de noitadas de discussões sobre política, literatura, filosofia, por entre álcool, café, e... bifes.

O segundo golpe de sorte aconteceu quando Avillez foi registar o nome e soube que o mais simples de todos, mas perfeito - Café Lisboa - estava disponível. “Descobri que tinha existido um, no século XIX, perto do Parque Mayer, mas nunca chegou a ser registado”. E no início da semana abriu o Café Lisboa, a quarta casa do chef - depois do Cantinho, do Belcanto e da Pizzaria Lisboa -, a abrir na zona do Chiado em apenas dois anos (e daí termos falado em audácia no início deste texto). O universo Avillez está, portanto, a alargar-se no Chiado - onde até a limpeza e manutenção do lago do Largo de São Carlos será responsabilidade do grupo.

O primeiro cliente do Café Lisboa foi, por mero acaso, o actor John Malkovich, que, conta Avillez, estava a filmar por ali um novo “Casanova”, produzido por Paulo Branco e, vendo o movimento, perguntou se já se podia comer alguma coisa. Isto passou-se na semana anterior à da abertura do Café Lisboa, mas Malkovich não ficou por servir - e, segundo o chef, encantou-se particularmente com o arroz de grelos.

Três meses de obras e a sala do São Carlos recuperou o brilho dos dourados, ganhou um balcão novo, uma peça de Joana Vasconcelos, e um elegante mobiliário desenhado especialmente para um espaço com o qual Avillez pretende homenagear Lisboa. Daí que a ementa seja muito inspirada na cozinha da capital - tanto quanto é possível identificar um prato como sendo lisboeta. O maior emblema será o Pastel Lisboa (dois euros), um pastel de massa tenra, sempre frito na hora (há também em prato, uma dose com dois e arroz de grelos, por 10 euros).

“É um pastel como eu acho que já não se fazem hoje em dia. Em minha casa, quando eu era pequeno, chamavam-lhe Pastel Lisboa”, explica Avillez. “Achava que o pastel de massa tenra era daqueles produtos que estava por pegar e desenvolver. O que fiz foi recuperar uma receita tradicional: a carne é estufada, picada com uma faca, não tem nada a ver com aquelas mousses que se vêem por aí. Levam um bocadinho de aguardente porque quando são fritos o álcool evapora mais rápido e a massa fica mais leve.”

Importante é saber que são sempre acabados de fritar, como aquele que um dos empregados de mesa acaba de pôr à nossa frente. “Foi feito há dois minutos”, garante o chef. “Há sempre uma pessoa a esticar a massa e a fazer o pastel e a fritar, porque congelado não fica a mesma coisa, e feito com antecedência perde logo, por causa da humidade do recheio”.

Dá muito mais trabalho, sem dúvida, mas com isto Avillez está a defender um princípio que acha importante: os salgados devem ser servidos quentes. “Há uma premissa que me transcende que é os nossos cafés servirem os salgados frios. Chegar às sete da manhã a um estabelecimento, fritar tudo o que há para fritar e guardá-los numa vitrina fria... No Brasil, que em parte importou de Portugal a tradição dos pastéis, servem-se quentes em todo o lado. E isso faz uma grande diferença”.

Nome
Café Lisboa
Local
Lisboa, Mártires, Largo de São Carlos nº 23, Lisboa
Telefone
211914498
Horarios
Todos os dias das 12:00 às 01:00
Website
http://www.joseavillez.pt
Preço
25€
Cozinha
Autor
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