Seja pelo pitoresco elevador ou vencendo as curvas da íngreme subida, chegar ao alto do Bom Jesus é sempre uma sensação única e reconfortante. À riqueza natural e arquitectónica junta-se uma vista deslumbrante. Um suplemento de alma para qualquer comum mortal, que, neste caso, abria também o apetite, já que a peregrinação tinha objectivos gastronómicos.
E, já que falamos de vistas, não há melhor que o restaurante do Hotel do Elevador. Uma espécie de varandim suspenso sobre os jardins, donde se pode apreciar toda a cidade de Braga, as montanhas envolventes e ainda estender o olhar até Barcelos e à costa atlântica, se a vista alcançar e o tempo limpo o permitir.
Para o que aqui nos traz, registe-se que o restaurante se estende pelas fachadas poente e sul do piso de entrada da unidade hoteleira. Mesas elegantemente aparelhadas, com toalhas e guardanapos de algodão branco, talheres de linhas modernas, mobiliário e cadeiras a condizer. Só pelo enquadramento, a deslocação já não seria tempo perdido.
O menu consta de sete entradas, três sopas, seis propostas de peixes e mariscos e outras tantas no capítulo cárnico. Há ainda as chamadas sugestões do chefe, duas propostas de massas e outras tantas de ovos e um menu para crianças.
Como entrantes, pediram-se "gambas salteadas com paladar de alho", "colheita de míscaro silvestres com paladares alentejanos", "esfiapado de bacalhau com pimentos e pintas de azeitona", e "aconchego de acepipes com paisagem única", com preços entre os 7,5 e os 11 euros.
Nota mais alta para os fungos silvestres, denotando bom tratamento na chapa na companhia de ervas de origem alentejana. O mesmo não se pode já dizer da salada de bacalhau, que denotava excesso de tempo na água, assim como o refogado com as gambas, a denunciar igualmente a sua confecção antecipada.
Quanto aos acepipes, o mínimo que se pode dizer é que o aconchego é mesmo para levar a sério. Vêm até à mesa num carrinho e com uma tal variedade que a refeição até podia ficar-se já por aqui. Provámos apenas salada de bacalhau (viva, fresca e a saber à peça, ao contrário da versão esfiapada), bolinhos do mesmo e croquetes de vitela, além de uma saladinha de batata e cenoura com maionese. Tudo em muito bom nível.
Correcta também a "ternura de pescada dourada com risotto de tomate" (14,50 euros). Filetes do lombo no ponto correcto de fritura e com um estimulante toque de frescura de limão. Mesmo a calhar para o alvarinho Solar de Serrade 2009 (17 euros), que, a par dos aromas da casta, deu também mostra de um acentuado toque vegetal no palato. Já o risotto, ligaria certamente melhor se em vez da polpa de tomate se tivesse recorrido ao tomate fresco, bem mais saboroso.
Pecado seria que não se tivesse provado também o "tradicional bacalhau de cebolada à bracarense" (14,50 euros). Posta alta e firme, como mandam as boas regras, bem frita e a deixar-se desmontar em saborosas lascas. Cebolada com um toque de vinagre (talvez excessivo), também tiras de tomate natural (que faltou ao risotto) a compor os sabores. Muito bem, disseram os comparsas do repasto, numa altura em que se convocou o tinto Quinta dos Aciprestes 2007 (15 euros), um duriense de muito boa colheita e que é sempre um valor seguro.
- Nome
- Restaurante Hotel Elevador
- Local
- Braga, Tenões, Parque do Bom Jesus do Monte
- Telefone
- 253603400
- Horarios
- Todos os dias das 12:30 às 14:30 e das 19:30 às 21:30
- Website
- http://www.hoteisbomjesus.pt
- Preço
- 20€
- Cozinha
- Minhota
- Espaço para fumadores
- Sim