Fugas - restaurantes e bares

  • DR. O tempo passa e o Tavares continua
    DR. O tempo passa e o Tavares continua "rico"
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  • A fachada no início do século XX
    A fachada no início do século XX DR
  • Aspecto da sala do 1º piso nos anos de 1970
    Aspecto da sala do 1º piso nos anos de 1970 DR
  • Decoração anos 80
    Decoração anos 80 DR
  • O aspecto da sala nos dias de hoje
    O aspecto da sala nos dias de hoje Sara Matos/Arquivo
  • Sara Matos/arquivo
  • Fernando Lopes (à direita) vendeu o Tavares em 2002 a José Pereira dos Santos
    Fernando Lopes (à direita) vendeu o Tavares em 2002 a José Pereira dos Santos Pedro Cunha
  • O chef José Avillez conquistou uma estrela Michelin para o Tavares. Saiu no início de 2011
    O chef José Avillez conquistou uma estrela Michelin para o Tavares. Saiu no início de 2011 Helder Olino/Arquivo

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As vidas que o Tavares viveu

No ano em que atinge o 150.º aniversário como restaurante de luxo, o Tavares parece estar a viver mais uma das suas aparentemente inesgotáveis vidas. A turbulência que tem acompanhado este percurso de século e meio de elegância e requinte parece ter o condão de transformar episódios negativos em momentos marcantes que acabam por sublinhar a sua importância e reforçar-lhe o estatuto.

 

Quem foi o autor da luxuosa decoração de 1861?

A ficha do IGESPAR (Instituto de Gestão do Património Arquitectónico) onde consta a classificação do Tavares como imóvel de "Interesse Municipal" indica que Vicente Caldeira (1861) entregou o projecto a Hermógenes dos Reis, figura de quem se sabe muito pouco para tão notável obra. A informação existente é escassa e está dispersa por vários arquivos. Sem saber a data de nascimento, foi preciso recorrer a uma solução mais incomum. Tentar encontrar o registo de óbito nos cemitérios do Alto de São João e dos Prazeres, os mais antigos de Lisboa.

A chave do enigma estava no cemitério dos Prazeres, onde figura o óbito de Hermógenes Júlio Quadrio dos Reis a 28 de Novembro de 1918, solteiro com 55 anos de idade. O registo aponta 1863 como ano de nascimento, ou seja, após a transformação do restaurante, em 1861.

Hermógenes dos Reis fez carreira no Ministério das Obras Públicas e em 1884 acumulou a função de desenhador com a frequência da Real Academia de Belas Artes. Em 1897 regressa de uma temporada em Paris e retoma a actividade. O estilo Belle Époque que imperava na capital francesa e a corrente Art Nouveau certamente o inspiraram na decoração que projectou para o Tavares em 1903, ao aceitar o desafio de Manuel Caldeira.

Em relação a 1861, e segundo refere Gustavo de Matos Sequeira em O Carmo e a Trindade, Vicente Caldeira terá encomendado lustres imponentes, moldes para fazer relevos em gesso e espelhos venezianos para ornamentar o salão. Analisando esse período das artes decorativas, os nomes mais sonantes que surgem são os de Giuseppe Luigi Cinatti e Achilles Rambois, que foram responsáveis por obras relevantes do romantismo português. A dupla italiana brilhava com as imponentes cenografias que projectava para as óperas do São Carlos e por isso era também muito solicitada pelas elites da época para recriar ambientes esplendorosos em construções palacianas. Não se encontrando registos que indiquem quem foi o decorador do Tavares na transformação executada há 150 anos, é plausível aventar a hipótese de Vicente Caldeira ter sido aconselhado por Cinatti ou Rambois, uma vez que naquela época quem queria causar impacto na decoração de um espaço, e tinha dinheiro, era a eles que recorria. Terão sido estes dois artistas os autores. A incógnita subsiste.

Nome
Tavares
Local
Lisboa, Encarnação, Rua da Misericórdia, 37
Telefone
213421112
Horarios
Terça a Sábado das 12:30 às 14:30 e das 19:30 às 23:00
Website
http://www.restaurantetavares.pt
Preço
70€
Cozinha
Autor
Espaço para fumadores
Não
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