Fugas - viagens

  • Miguel Manso
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As noites e os dias de Budapeste

Aqueles que cresceram em liberdade saíram para conhecer mundo, trouxeram novas ideias e não querem ficar no mesmo emprego toda a vida. Abriram bares e pequenos negócios. Isto é o que nos diz Anita. Que nos últimos dez anos se assistiu a um grande desenvolvimento em Budapeste. Que as pessoas estiveram a aprender viver de uma nova forma. Que, agora, tudo começa a estabilizar. Não a parar, entenda-se. Budapeste está em movimento. A "östalgie" (nostalgia do Leste), expressão alemã utilizada por Péter quando os nossos olhos se fixam num Trabant Deluxe 601 (23 cavalos de cilindrada), um dos carros ícone do bloco socialista e que, depois de fazer exasperar vários gerações de húngaros pela sua pouca fiabilidade, é novamente cool, é mero reflexo de um fascínio pelo passado que se manifesta globalmente. Daí o sucesso de cafés retro como o Táskarádió Eszpresszó, na Egyetem Tér (Praça Universitária), onde tudo, do papel de parede aos candeeiros, da roupa dos empregados de mesa às refeições, pretende transportar-nos para a Hungria das décadas de 1960 e 1970. Vemos fotos de Nikita Krustchev a dar um beijo fraterno a Pál Losoncz, Presidente húngaro, ou imagens de hippies à boleia nos anos 1970, cenário comum à época qualquer que fosse a latitude europeia. Uma curiosidade. Budapeste, o que a Budapeste de hoje tem para oferecer de mais excitante, não mora em tais memórias.


Beber nas ruínas

Com uma rede de transportes integrada (metro, trólei, autocarro e eléctrico) que cobre toda a cidade com eficiência e a preços acessíveis (vertidas da moeda nacional, o florint húngaro, uma viagem custa cerca de 1,10 euros; um bilhete de 24h, 5,3; um de uma semana, 16 euros), Budapeste é uma cidade que, não tendo o protagonismo da distinta e clássica Viena ou da muito procurada Praga, aquelas que, pela proximidade, lhe são mais facilmente comparáveis, revela um dinamismo cativante - talvez, precisamente, por não estar tão exposta. É aqui que encontramos, por exemplo, o primeiro e o terceiro classificados na lista que a Lonely Planet colocou a votação pelo público, em 2011, como "melhores bares do mundo". O primeiro está literalmente na margem do Danúbio em Buda, um pouco a sul da Ponte Petófi. Chama-se A38, está instalado num antigo navio ucraniano ancorado no rio e chamar-lhe simplesmente "bar" é quase um insulto. O segundo é um dos famosos ruin pubs do Bairro Judeu. Chama-se Szimpla Kert (Jardim simples), encontramo-lo na Kazinczy Utca e já ganhou extensão a Berlim.

O A38 é verdadeiramente multi-funções. Quando o visitámos em Abril, albergava alguma da programação do Titanic, o mais importante festival internacional de cinema na Hungria. Ao nível da água, a sala de exibição, onde encontrávamos também a exposição do fotógrafo húngaro Eniko Várai, parte da colectiva África Através de Lentes Húngaras, que acompanhou o primeiro rescaldo da Primavera Árabe. No porão, a sala de concertos onde, nos próximos tempos, tocariam Zola Jesus, Spoek Mathambo, Tindersticks, The Mission ou The Levellers. Salas atrás de salas, num curioso labirinto. Miúdos do rock na sala de concertos a ver uma banda húngara tocar metal como em festa rave. Hipsters na esplanada, bebendo whiskey ou cerveja enquanto apreciam o ambiente ameno na beira rio. E o restaurante, mais formal, onde uma cerveja, a checa Staropramen, requeijão condimentado, creme de beringelas e gaspacho são aperitivos que barramos em pequenas tostas. Como prato principal, um bife de pato assado, alto e suculento, acompanhado de arroz branco, espinafres e cenoura. Vinho? Gunzer Villany, de casta portuguesa plantada na Hungria no século XIX. A refeição, café incluído, ficará os entre 25 e 30 euros.

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