Fugas - viagens

  • Miguel Manso
  • Miguel Manso
  • Miguel Manso
  • Miguel Manso
  • Miguel Manso
  • Miguel Manso
  • Miguel Manso
  • Miguel Manso
  • Miguel Manso
  • Miguel Manso
  • Miguel Manso
  • Miguel Manso
  • Miguel Manso
  • Miguel Manso
  • Miguel Manso
  • Miguel Manso
  • Miguel Manso
  • Miguel Manso
  • Miguel Manso

Continuação: página 6 de 8

As noites e os dias de Budapeste

O mais famoso dos ruin pubs, o Szimpla Kert, é algo completamente diferente. A porta de entrada é discreta no seu charme decadente, característica comum à maioria dos espaços "ocupados". A partir do momento em que entramos, porém, revela-se verdadeiramente: um pátio aberto ao fundo do corredor principal, com grandes panos que decoram e desviam o olhar das paredes decrépitas e, na grande fachada do fundo, filmes projectados. Entre novos e muito novos alunos Erasmus, há húngaros igualmente novos e mais velhos, há a Budapeste que gosta de sair à noite, de beber e ser livre. No andar superior, há salas aberta para o pátio e corredores que dão para divisões mais pequenas onde se bebe e onde se fuma por cachimbos de água. Entre os dois andares um emaranhado, qual instalação, qual trepadeira de fio e tecido que serve como cobertura. Por todo o lado, luzes que dão um ar de fantasia ao espaço e a música que os DJ convidados vão oferecendo a quem por ali se demora. O Szimpla Kert, com capacidade para centenas de pessoas, é o exemplo mais bem sucedido destes espaços que começaram a nascer em 2000 e que são hoje componente indispensável da dinâmica da cidade. Sob o mesmo tecto, conjugam-se espaços de lazer, palcos para a música de bandas e DJ, ateliers e exposições, aulas de música e de dança. Servem-se bebida e refeições, vêem-se muitos estudantes que aproveitam o wi-fi gratuito, tal como acontece na maioria dos cafés, bares e restaurantes de Budapeste.

No Bairro Judeu onde se ergue a maior sinagoga da Europa, as noites de Budapeste são, como cantava Adolfo Luxúria Canibal nos Mão Morta, noites de rock'n'roll. Diversificadas. É o que acontece no Fogasház (Casa dos Dentes, por outrora ter sido um consultório dentista), na Akáfca Utca, 51. Os DJ passam techno e funk, ilustrados pelos desenhos animados antigos projectados na parede. Numa sala há uma mesa de matraquilhos (obrigatórios na maioria dos cafés húngaros) e de ténis de mesa, noutra vemos penduradas nas paredes as telas de uma exposição de pintura. Tudo - as cadeiras de vários tipos e formatos, as mesas de madeira de tinta lascada - organizado num caos que é apenas aparente.

Mas o Bairro Judeu, por famoso que seja, não apaga o protagonismo dos pequenos bares que se descobrem, isolados, noutros pontos da cidade. Como o Csendes, na Ferenczy István Utca, 7, um restaurante antiquíssimo remodelado em 2009 e que é hoje ponto de paragem nos finais de tarde e início de noite para a comunidade universitária. A decoração é saturada dos elementos mais diversos: brinquedos que caem do tecto, duas colunas romanas no meio da sala, triciclos pendendo de algures e as paredes decoradas como sonho de um artista de arte bruta hiperactivo. Apesar disso - ou por causa disso - é um local acolhedor onde a música não se sobrepõe àquela que parece ser a principal actividade no local: conversar com uma cerveja à frente.


Da juventude ao banho

Admirável em Budapeste é a forma como, repetimos, esta abertura e este desejo de criar o futuro se conjuga com a história que nos assalta a cada esquina, em cada edifício, nas zonas turísticas e naquelas que os turistas desconhecem.

--%>