Fugas - Viagens

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Em França, na senda da selecção portuguesa

Por Andreia Marques Pereira

Não se sabe até onde Portugal chegará no Euro 2016, mas a fase de grupos ninguém lhe tira. Fomos às três cidades onde a selecção joga — Paris, Lyon e Saint-Étienne — e pedimos a portugueses residentes para nos fazerem visitas guiadas.

Não são guias exaustivos, são formas de ver as cidades de forma pessoal. Revelaram-nos alguns segredos mais ou menos bem guardados: desde a Paris portuguesa à Croix Rousse lionesa e à Saint-Étienne mainstream. Agora, corações (e bandeiras) ao alto, à espera que esta lista esteja incompleta.

PARIS

A portuguesa

O nome não engana, os escaparates reforçam-no. Luso Folie’s é um recanto português — os pastéis de nata saem constantemente, os rissóis e os croquetes não faltam, os queijos e os vinhos são portugueses e a lista podia continuar. Mas não é um qualquer café ou restaurante português na zona parisiense — só restaurantes são mais de 500, calcula Carlos Pereira, director do Luso Jornal, professor na Sorbonne Nouvelle. Este não é um gueto e a sua localização é disso testemunho: estamos no Viaduct des Arts, montra privilegiada para novos artistas e artesãos, com uns poucos cafés e restaurantes.

O viaduto é herança da linha ferroviária construída no século XIX entre a praça da Bastilha e Vincennes; quando foi desactivada, decidiu-se aproveitar as galerias abobadadas deste troço para instalar projectos culturais. E assim chegou aqui João Heitor, que durante anos teve uma livraria-editora junto da Sorbonne, e há dois anos abriu um canto português: é um café, uma galeria, uma livraria, uma pequena loja gourmet. A programação cultural é regular e as noites de fado vadio já são clássicas, entre portugueses e franceses, “cada vez mais apreciadores”. Mas durante o Euro vai haver excepção: a televisão vai estar sintonizada nos jogos, conta João Heitor, e haverá petiscos à medida.

A paragem para o lanche acabou por ser a última desta Paris portuguesa que Carlos Pereira se propôs apresentar-nos. Ainda fomos, sem o nosso guia, à sinagoga Buffault, conhecida por sinagoga portuguesa. Já não há portugueses a frequentar este local de culto, a maioria vem do Norte de África. Abriu portas em 1877 e demonstra a influência da comunidade judaica hispano-portuguesa (conhecida por “judeus portugueses”) no país e ainda segue os rituais sefarditas.

As visitas são permitidas, e gratuitas, podendo entrar-se na sala principal, “apenas utilizadas em ocasiões especiais”, como nos dizem os crentes que se dirigem para uma sala secundária. Na principal, nada desconcentra o homem sentado diante da téba, balaustrada de pedra bem no centro da sala. Majestosa, com dourados q.b., veludos vermelhos, colunas, rosáceas e clarabóias, esta é uma sinagoga pós-emancipação em contraponto com os edifícios mais discretos de séculos anteriores. Nas paredes, alguns sobrenomes portugueses, Amado, Pereira, Furtado, Paz. O exterior também não passa despercebido, sobretudo à hora dos serviços religiosos: quando saímos vários elementos do exército francês estão dispostos à porta e nas entradas do troço da rua. “Uma medida pós-atentados de Novembro, que acontece em todos os edifícios religiosos”, explica-nos um militar.

Mas voltamos ao início. Aos Campos Elísios, estação de metro Champs-Élysées Clemenceau: estátua do general De Gaulle e meio caminho entre a Praça da Concórdia e o Arco do Triunfo. Não foi à toa que Carlos Pereira marcou aqui o encontro — e não foi pela centralidade. Foi mesmo pela estação de metro: a decoração é feita com painéis de azulejos do artista português, há muito a viver em Paris (e habitué para o chá no Luso Folie’s), Manuel Cargaleiro. “Creio que a maior parte dos portugueses, mesmo os que vivem aqui, sabem disto”, sublinha Carlos Pereira. E se é com arte que começamos, é com arte que seguimos. É uma das exposições mais faladas da temporada e Carlos Pereira confirma o entusiasmo que tem suscitado – Amadeo Souza Cardoso está aqui ao lado, no Grand Palais, em mostra retrospectiva.

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