Pedro Baroso | Restaurante Mediterrâneo do Armani Hotel, Dubai
Entrada: Queijo da Serra
Sopa: Caldo Verde
Marisco: Amêijoas à Bulhão Pato
Peixe: Sardinha assada
Carne: Leitão da Bairrada
Caça: Perdiz de escabeche
Doce: Pastel de Tentúgal
A Fugas apanhou-o numa breve visita a Portugal, quando Pedro Baroso pouco sabia sobre o concurso. Logo que chegou, viu uma reportagem televisiva sobre o pastel de bacalhau. Surpreendeu-se por não ver qualquer comentário de um chef de cozinha. "Será que no júri da selecção entrou algum? ", questionou-se. "São eles que melhor conhecem e promovem a gastronomia nacional, dentro e fora do país."
Mas como neste momento ouve falar mais nas maravilhas do Dubai - é chef no Armani Hotel deste país - do que nas portuguesas, fez questão de comentar a sua escolha prato a prato. A sua selecção tem muito a ver com gosto pessoal: "São muitas as saudades de alguns dos sabores da gastronomia portuguesa. Alguns pratos são difíceis de confeccionar no Dubai, quer pela dificuldade de encontrar produtos portugueses, quer pela cultura que não permite alguns ingredientes, como o porco."
Dos pratos a concurso não entende a escolha de polvo no forno como prato açoriano, quando quer o cozido das furnas, quer o atum, "são, esses sim, pratos bem representativos da gastronomia local".
Quanto aos pratos de caça, considera as escolhas fracas. "O coelho à caçador, por exemplo, é um prato que se faz em muito países, o que o torna um bocado banal para ser considerado uma maravilha da gastronomia portuguesa."
Entrada: "Apesar de ter vivido em Mirandela e de lembrar que a minha mãe e a minha avó serviam a alheira como entrada, a minha escolha teve de recair no queijo da Serra. De uma qualidade única; não há nenhum queijo amanteigado tão saboroso como o da Serra da Estrela. Depois, porque é uma montra dos queijos de qualidade que se fazem em Portugal".
Sopa: "O caldo verde é uma escolha incontornável pelas lembranças de infância. Foi um dos pratos que levei para o Dubai, onde tenho de o confeccionar sem a couve verde (difícil de arranjar) e sem o chouriço de porco (carne proibida). Utilizo couve branca e outro tipo de enchido e tem feito sucesso entre os clientes do restaurante, porque o mais importante é o gosto. É uma sopa contraditória, interessante, por se saltear a cebola crua com a batata. Também ensinei o meu pasteleiro a fazer broa, mas nunca fica igual à de cá, e o pasteleiro acha-a um tipo de pão muito esquisito".
Marisco: "Aprecio a simplicidade da Amêijoa À Bulhão Pato. Foi o segundo prato que comi assim que cá cheguei. Também não se encontra no Dubai."
Peixe: "A sardinha assada é uma escolha incontornável. Porque faz parte da nossa história e também pela forma como se come: à mão em cima do pão. No Dubai também há muito a tradição de comer algumas iguarias com as mãos."
Carne: "Adoro leitão, e desde que estou no Dubai só como duas vezes por ano, quando venho a Portugal. Fui apurando o gosto pelo leitão durante os meus estudos de cozinha na Bairrada e aprendi a confeccioná-lo de raiz, como fazem os habitantes locais. Há pratos de leitão noutros países, mas nenhum tem um processo de confecção como o da região da Bairrada"