Fugas - Viagens

Antony Njuguna/Reuters

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De Nairobi a Ngorongoro num camião chamado Cristina

A nossa viagem aproxima-se do fim e na manhã seguinte vamos descer à cratera de Ngorongoro, uma área com tanta quantidade e variedade de animais que daria para organizar inúmeras Arcas de Noé. Não vamos de camião porque, dizem-nos, a descida não é apropriada para pesados. O grupo divide-se assim por dois Toyota Land Cruiser cujo tecto pode ser elevado para que os passageiros filmem, fotografem ou simplesmente se deslumbrem com os animais que a natureza concentrou em Ngorongoro.

No entanto, algo surpreendentemente, há alguns camiões a levantar pó na cratera e que participam na construção de mais uma estrada em terra batida para servir propósitos turísticos. Nada que perturbe um bando de flamingos com as patas dentro de água. Na cratera há tantos jipes a observar animais que os bandos mistos de gnus e zebras já nem se espantam com a sua presença. Estes quadrúpedes perceberam que a união faz a força e assim juntaram a grande capacidade de audição de uma espécie à boa visão da outra para melhor se defenderem dos predadores.

E o que é que quase dez jipes juntos significam na cratera de Ngorongoro? Isso mesmo: leão. Neste caso, não apenas um, mas dois reis da selva em atitude tão preguiçosa que, não fosse o tamanho, mais pareceriam dois gatos ao sol. Mas os bónus de Ngorongoro continuaram e ainda foi possível observar um rinoceronte, ao longe, e houve até quem afirmasse ter visto um leopardo de fugida.

No caminho para o aeroporto de Arusha, a obrigatória paragem num ponto em que era possível observar o cume do Kilimanjaro, naquele momento não completamente coberto por nuvens.

A somar ao cansaço da viagem esperavam-nos mais cerca de oito horas de avião até voltarmos a pisar solo holandês. O corpo também clamava por um banho para expulsar a poeira entranhada. Mas o que é que isso interessa perante a grandiosidade de termos vivido uma experiência única e provavelmente irrepetível? A Fugas viajou a convite da Agência Abreu

Preços, partidas e conselhos de viagem

A viagem Memórias de África Quénia e Tanzânia não tem, a priori, nenhuma limitação etária, mas aconselha-se que os participantes apresentem, no mínimo, uma forma física razoável e estejam dispostos a aceitar situações de algum desconforto. A Fugas participou numa versão encurtada desta proposta da Agência Abreu (metade, oito dias), em que o mais sensato seria, por exemplo, regressar durante um fim-desemana para o corpo recuperar o seu ritmo habitual.

No entanto, como referiu a guia Carmen, no modelo completo de viagem - 16 dias -, os ritmos das deslocações são mais pausados, o que permite acordar alguns dias mais tarde - 6h30 em vez das 5h30 locais -, e até algumas sestas na etapa do Serengheti. Por outro lado, a versão completa termina com quase quatro dias na ilha de Zanzibar, o que pressupõe já algum retemperar de forças.

Participar nesta viagem permite um inesquecível e aproximado contacto com a vida selvagem. No reverso da medalha estão, por exemplo, os constantes solavancos do camião (com capacidade para 19 viajantes) que, ao cabo de centenas de quilómetros, acabam por afectar o físico dos participantes, as deficientes condições sanitárias dos acampamentos ou a poeira que se entranha e não sai com simples palmadas. O facto de os dias começarem frios e depois surgir um sol intenso, que queima a pele, ou as contra-indicações da medicação que se deve fazer para evitar a malária, também contribuem para testar as capacidades físicas de cada um.

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