São três gerações a caminhar para o terraço do café-restaurante de Ampriu: avó, filho e neta. É ela que chama a atenção: poucos quilos de gente enfiados num fato vermelho de esqui aninhados no colo do pai. Faltam os esquis, mas na dúvida - esquia? "Não", ri-se o pai, "ainda é muito pequena". São menos de três anos de vida, vividos ali ao lado, melhor, ali em baixo, em Benasque, a povoação que se esconde no fundo do vale da estância de Cerler. Pirenéus aragoneses, portanto.
Neve com fartura, estâncias à procura de um lugar ao sol no universo das férias de Inverno - e não só, mas é Janeiro, e é à procura de neve que vimos. Enrique vem com a mãe e a pequena Elena à procura de um pouco de descontracção. É hora de almoço, os esquis e pranchas de snowboard encostam-se às paredes e às mesas de madeira, o sol brilha intensamente e há quem aproveite para apanhar banhos de sol, vestido com roupa polar. Ali à beira, há um espaço Skity, para crianças, e é para lá que Elena quer ir. Por agora, enquanto não segue a tradição familiar e passa a fazer dos esquis o seu tempo livre. "Não falta muito para começar", diz Enrique. Mesmo sem os esquis de Elena, os três são o retrato do que Cerler quer ser: divertimento para toda a família.
Estamos em Ampriu, sim, mas Ampriu é a estância de Cerler, é uma das suas portas. No parque de estacionamento, carros e autocarros acumulam-se, pelas várias encostas que daqui se observam um movimento infindável de figuras coloridas a ziguezaguear na neve, os teleféricos seguem sem parar até aos picos. Por esta altura, a loja de aluguer de equipamento está em ambiente de descontracção, quando chegámos era um bazar de exigências. E mesmo aqui ao lado, na margem das pistas, a pequena ravina de principiantes (olhando para a paisagem, não lhe podemos chamar pista, por muita boa vontade que tenhamos - e temos mesmo, passámos lá duas horas).
Cerler é uma das cinco estâncias do grupo Aramón, empresa de capital misto detida em 50 por cento pelo governo aragonêse pela Ibercaja - e "um motor de desenvolvimento da região", havia dito o presidente do grupo, Francisco Bono. Daí o investimento, que já vai em 150 milhões de euros desde a formação do grupo, há seis anos. Quando começou, o grupo Aramón dispunha de várias estâncias cujo prazo de validade estava a esgotar-se: instalações obsoletas que não conseguiam competir com a restante oferta espanhola (e europeia). Agora, esse problema faz parte do passado - o domínio Aramón acumula 270 quilómetros esquiáveis, que correspondem a 230 pistas de todos os níveis de dificuldade, servido por 75 meios mecânicos (capazes de transportarem 97 mil esquiadores por hora) e 1100 canhões de neve que asseguram neve em qualidade e abundância. E assim Aramón conseguiu "20 por cento de quota do mercado espanhol de turismo de neve". É a líder. E as suas estâncias complementam-se, proporcionando férias para a família e para os verdadeiros aficionados dos desportos de neve.
Em Cerler estamos nas "montanhas mágicas": é a estância mais alta dos Pirenéus Aragoneses (2630 metros). Mas também estivemos no Formigal, "a maior" - do grupo, sim, e de Espanha (que é como quem diz, da Península Ibérica), com 137 quilómetros esquiáveis. Não os percorremos todos, mas foi por lá que começámos a nossa viagem aos Pirenéus Aragoneses. E não sabemos se foi sorte ou se a publicidade realmente não é enganosa: o sol brilhou quase sempre - e pareceu-nos nós que neve e sol é combinação perfeita.