Há pouco escrevíamos que o tempo não volta para trás. Mas isso não é toda a verdade. Porque o passado se insinua no presente. O grande rio artificial, como quase tudo o mais na Líbia, é obra de imigrantes. Os da construção não têm papéis. Aguardam nas praças das cidades que algum líbio lhes ofereça trabalho nesse dia. Esperam horas e horas, dias e dias com as suas ferramentas. Vêm do Chade e do Sudão. Não são muito diferentes dos não cidadãos das cidades gregas e romanas. Como eles, trabalham por comida, não por salário. E o regime dispõe das suas vidas. Não é brilhante, pois não? Mas Khadafi agora passou para o lado dos "bons da fita". E, afinal, não faz nada de substancialmente diverso do que na Europa também se faz em matéria de imigração. Anda tudo a ver como imitar a Grécia antiga...
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Histórias do Mediterrâneo I: Cidades do mar, cidades do encontro
Histórias do Mediterraneo II: O caminho das areias
Histórias do Mediterraneo III: O mar dos milagres