Fugas - Viagens

  • Adriano Miranda
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O futuro é o presente do Dubai

O Dubai é uma espécie de corporização do sonho americano e não há expressão que melhor o expresse do que o from rags to riches (literalmente, dos trapos às riquezas). Se a história do que é o Dubai hoje pode começar no século XIX, a ocupação neste canto do Golfo Pérsico já vem do século VI, quando era um ponto de paragem de mercadores. Doze séculos depois, não era mais do que uma pequena povoação de pescadores e apanhadores de pérolas nas margens do "Creek", quando a dinastia Al Maktoum ali se estabeleceu e emancipou o território do vizinho Abu Dhabi - foi em 1833. Quase dois séculos passados, é a mesma dinastia a governar o Dubai, que, entretanto (em 1971, após o fim dos protectorados britânicos na região), formou com os emirados vizinhos um país muito sui generis, os Emirados Árabes Unidos (EAU), no qual Dubai e Abu Dhabi dividem a maior parcela de poder: o emir do Dubai é vice-presidente dos EAU, o de Abu Dhabi o presidente e são as suas caras que vemos repetidas vezes em cartazes nas ruas - fazem parte da hagiografia.

No início do século XX, o Dubai transformou-se num importante entreposto comercial na região, onde os mercadores estrangeiros beneficiavam de isenção de taxas, e quando o comércio de pérolas entrou em decadência, na década de 30, passou a dedicar-se à importação e exportação de ouro. A modernização começou a chegar, tíbia, na década de 50, e em 1969 vendeu-se o primeiro petróleo. Este foi o rastilho para o que hoje vemos, porém há muito que o petróleo - cujas reservas se vão esgotar rapidamente - deixou de ser preponderante na economia do emirado. Neste momento constitui apenas 6% das receitas do Dubai, cuja originalidade, segundo Christopher M. Davidson na sua obra Dubai: The Vulnerability of Success, é o pioneirismo do seu modelo de desenvolvimento pós-petróleo, que apostou na diversidade de actividades assente em alguns vectores estratégicos, entre eles a expansão da infra-estrutura comercial, a criação de "zonas livres" especializadas, a aposta agressiva no turismo de luxo. Os turistas chegam em busca das praias, da extravagância, da diversão, da oitava (e nona, décima...) maravilha do mundo, que é como qualquer novo projecto do Dubai é apresentado. De uma vida das Arábias.


Cenário ou ser vivo?

Nesta Arábia versão século XXI há muitas cavernas de Ali Babá. Um dos seus símbolos máximos é o hotel Burj Al Arab, que, com 321 metros de altura, já foi o mais alto do mundo e que com a sua aura de sete estrelas (não oficiais) convoca todo o luxo imaginável. De perfil vemos a famosa vela, mas de frente parece-nos uma cobra-capelo a erguer-se diante de nós. Estamos aos seus pés e aproximamo-nos o máximo possível para o comum dos mortais - aqueles que não pagam um mínimo de 1600 euros de estadia diária ou nem sequer tomam um high tea, por 360 euros com visita ao hotel incluída - e esse máximo são os portões de ferro negro. Do lado de cá dos portões o movimento é constante (em contraste com a calma do outro) com turistas a acotovelarem-se para a pose possível no cenário. Os portões abrem de vez em quando e nessa altura os seguranças mostram-se para afastar as multidões e dar passagem às viaturas: jipes de vidros fumados, Rolls Royce Phantom (que fazem parte da frota que o hotel coloca à disposição dos hóspedes, juntamente com Lamborghini, por exemplo), desfilam então indiferentes ao burburinho.

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