Fugas - Viagens

  • Nelson Garrido
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    BarZeco Nelson Garrido
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    Aula de culinária do hotel Refúgio da Vila Nelson Garrido
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    Monte Alerta Nelson Garrido
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    No spa do Monte Alerta Nelson Garrido

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As noites do Alentejo são tão belas quanto os seus dias

Mergulhar e casar no lago

Temos dois dias no Alqueva. É início da tarde em Juromenha e o termómetro chega aos 45º. O pequeno castelo parece mais abandonado do que nunca e a paisagem à volta está saturada de ocres; quase ninguém nas ruas brancas. O hotel fica isolado num monte e parece abandonado de vida, excepto pelos gatos e cães que se estendem pachorrentamente. Espreitamos a piscina, descobrimos uma enorme lagoa mais ao fundo: o apelo da água é forte e se não caímos em tentação é porque nos espera um passeio por outras águas. As do Alqueva.

O Alandroal e seu castelo ficam para trás e alguns quilómetros depois surge Monsaraz, empoleirada e rodeada de muralhas. No Centro Náutico de Monsaraz espera-nos o Sem-Fim, nome com pergaminhos (turísticos) nestas paragens - havemos de almoçar no restaurante com galeria de arte que ocupa um antigo lagar de azeite no Telheiro para o nossa primeira "cabeça de xará" (enchido de porco) e para um doce de vinagre, sobremesa tradicional já pouco habitual na zona.

Agora, é o veleiro que nos leva num passeio de duas horas pelo Alqueva - quando o tempo assim o permite, a viagem é feita à vela; hoje o vento não mora aqui e a pacatez da tarde é atravessada pelo barulho dos motores. Tiago e Gil Kalisvaart, capitão e comandante do barco, filho e pai respectivamente, são os anfitriões destas viagens, que partem deste braço de água do Grande Lago - um dos muitos, desta imensidão de água que abraça 440 ilhas (número variável conforme o caudal) e tem 1160 quilómetros de margens (uma extensão superior ao litoral português). No total são 88 quilómetros navegáveis no braço principal e nós percorremos uma pequeníssima parte deles, o suficiente para oscilar entre velhos postos fronteiriços, marcos geodésicos, o ancoradouro de Ribeira das Velhas (também em Monsaraz) e essa originalidade que são as bóias brancas e vermelhas que assinalam o antigo leito do Guadiana. Navegamos no Guadiana transbordante sob um sol inclemente e luz intensa.

Continuássemos nós rumo a Sul e chegaríamos à aldeia da Luz, mas isso é passeio para oito horas, churrasco incluído. E com a "Expedição Sem-Fim" teríamos, em dois dias a bordo, uma excursão por muitas das oito aldeias ribeirinhas que compõem as Terras do Grande Lago. Contudo, o nosso passeio tem outro destino, "a ilha das pepitas douradas", também conhecida por "Ilha da Páscoa" pelas formas caprichosas dos afloramentos rochosos, explica Tiago, e é inegável a magia quando de repente nos vemos a meio caminho entre dois castelos, o de Monsaraz e o de Mourão, despidos do calor do dia para mergulhar no Guadiana. Não há choque térmico - as águas estão tépidas nesta pequena baía. Ao largo, um barco leva praticantes de esqui aquático e este é um local tão emblemático que a Sem-Fim já aqui organizou dois casamentos - altar na praia, notário, flores.

Faz parte deste passeio, a paragem para a "ida a banhos", a que se segue, já no barco, uma merenda de produtos regionais. A melancia é um sucesso a bordo de um insólito antigo cargueiro holandês de 1913, de fundo chato com patilhões para compensar as velas. Chegou a Portugal de camião pelo sonho do "comandante", Gil Kalisvaart, pintor e escultor holandês aqui radicado há mais de 40 anos, e foi montado no Alqueva. "As pessoas aqui dizem que ele ficou todo este tempo à espera que o lago enchesse para meter o barco", diz o filho, Tiago. No Verão há saídas às 17h, quando há grupos e eventos. "O barco vive no lago, se houver pessoas saímos."

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