Fugas - Viagens

  • Nelson Garrido
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    BarZeco Nelson Garrido
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  • Aula de culinária do hotel Refúgio da Vila
    Aula de culinária do hotel Refúgio da Vila Nelson Garrido
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    Monte Alerta Nelson Garrido
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    Refúgio da Vila Nelson Garrido
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    No spa do Monte Alerta Nelson Garrido

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As noites do Alentejo são tão belas quanto os seus dias

Vieram ao Refúgio da Vila só fazer a aula: um jornal inglês colocou esta escola no top 10 europeu de cozinha tradicional. Avental, chapéu de cozinheiro e metemos as mãos na massa. Aperitivo, peixe, carne e sobremesa são o trabalho (e almoço) de hoje: tomatada alentejana, coentrada de cação ("little shark") , migas com carne do alguidar e bolo de queijo com mel. O chef não esconde que gosta de dar "roupagens diferentes" aos pratos tradicionais, algo que nestas aulas não pode fazer. "As pessoas procuram o tradicional."

Partimos ovos e separamos claras das gemas; Jerry corta cebolas com mestria; Jacquelina ri enquanto amassa o pão: em casa ela faz a comida de "monday, tuesday...", ele, originário de Kerala (Índia), faz a comida indiana. "A good deal", brinca Jerry. "Quando sou eu a cozinhar uso outro tipo de temperos para dar mais gosto", confessa Pedro Soudo, mas com estrangeiros há mais susceptibilidades. Por exemplo, a banha é quase interdita: "às vezes ainda pergunto se posso utilizar, eles dizem que sim mas depois notamos que não comem".

Os aprendizes de cozinheiro surpreendem-se com as horas que demorava a preparar as migas no tempo da avó do chef - agora é colocar o pão, a água já quente e bater; querem saber todos os temperos, ficam curiosos com a pasta de pimentos e a tomatada e escutam atentamente como se prepara o molho para a coentrada, "a parte mais difícil", avisa o chef Pedro Soudo; há incredulidade perante a quantidade de ovos e açucar da sobremesa.

Quando chegamos à mesa o problema é comer tudo. Jacquelina já está habituada às grandes quantidades à mesa portuguesa - comida que, quando era pequena, em casa da avó, lhe parecia muito estranha. Agora é fã incondicional de caldo verde ou o bacalhau à Brás. "Quando comemos aqui [em Portugal] foi: ‘uau'", afirma Jerry.

Tapete de estrelas

"Uau" poderia ser também a descrição do pôr do sol com que somos brindados na paragem seguinte. Estamos pela primeira vez com os pés do lado esquerdo do Alqueva, e deixamos Amieira, onde se alugam os famosos barcos-casa. Em Mourão o sol declina directamente à nossa frente, as águas azuis escuras são atravessadas por uma faixa dourada e bamboleiam com a brisa, rasgadas por pranchas de windsurf e alguns barcos. No ancoradouro ouvem-se mergulhos, mas a atmosfera geral é de tranquilidade. Cenário diferente encontra-se em alguns sábados, quando a água é invadida por desportos radicais - os hidroaviões têm passagem regular, o esqui, a canoagem, as bicicletas de água são assíduos, por exemplo.

Assentamos arraiais no Monte dos Estevais, sobranceiro a todo o cenário: BarZeco é o nome do local e à sua volta mais montes e água. Como medida do seu isolamento veja-se a electricidade, que provém de um gerador. Não há, portanto, poluição visual neste recanto que se abre para uma paisagem imensa, e tem nos alpendres que o rodeiam o melhor miradouro - pelo menos enquanto não se concretizar o plano de fazer um terraço no topo deste bar-restaurante que abriu há três anos, refere José Lourenço, o proprietário e espécie de guia informal para a região. Na realidade, o próprio Barzeco, construção de madeira com o aspecto informal de certos bares de praia, pintado em azuis e amarelos fortes acaba por funcionar como um trampolim para turistas, complementando o Posto de Turismo, com horário mais restrito - nos meses de Verão o horário pode ir das 7h às 2h, com descanso à quinta-feira (nos outros meses, só abre ao fim-semana). Todas as refeições aqui se fazem, com especialidades como achigã com molho de coentros ou lúcio-perca com arroz de poejo.

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