Fugas - Viagens

  • Museu Nacional
    Museu Nacional Ricardo Moraes/Reuters
  • Detalhe do Congresso Nacional do Brasil
    Detalhe do Congresso Nacional do Brasil Roberto Jayme/Reuters
  • A Justiça, estátua no Supremo Tribunal de Justiça
    A Justiça, estátua no Supremo Tribunal de Justiça Ricardo Moraes/Reuters
  • Congresso Nacional do Brasil
    Congresso Nacional do Brasil Ricardo Moraes/Reuters
  • Congresso Nacional do Brasil
    Congresso Nacional do Brasil Ricardo Moraes/Reuters
  • Ponte Juscelino Kubitschek
    Ponte Juscelino Kubitschek Ueslei Marcelino/Reuters
  • A Brasília em jardim
    A Brasília em jardim Jamil Bittar/Reuters

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Brasília: Morar nesta cidade inventada é "coisa boa"

Quem a conhece apenas dos livros, sobretudo os que se dedicam à obra deste arquitecto brasileiro que morreu no ano passado, é natural que não esteja habituado a ver a Catedral Metropolitana nem o átrio do Palácio Itamaraty, com as suas escadas suspensas e elegantes, repletos de visitantes. Nas fotografias dos álbuns de arquitectura, Brasília parece muitas vezes quase deserta, como se alguém fechasse a porta no final do horário de expediente e ninguém morasse na cidade. Não é assim. No Plano Piloto, a área que saiu do estirador de Lúcio Costa e que é desde 1987 património mundial, vivem cerca de 400 mil pessoas e, se contarmos com as regiões administrativas (ou cidades-satélite, como Taguatinga, Ceilândia e Águas Claras) que formam o distrito federal, o número sobe para os 2,7 milhões, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (dados de 2010).

A maioria dos turistas só conhece a cidade dos monumentos, dos grandes edifícios públicos de Niemeyer, dos hotéis do centro ou das margens do lago Paranoá. Provavelmente sabe onde fica o mausoléu de Kubitschek, visitou o espaço Lúcio Costa e o museu nacional, subiu ao miradouro da Torre de TV que o urbanista desenhou, participou nas visitas guiadas ao Congresso Nacional, onde se reúnem 513 deputados (embora não caibam todos sentados na sala do plenário) e 81 senadores, e assistiu ao hastear da bandeira na Praça dos Três Poderes. Mas poucos são os que tomaram um café demorado na Asa Sul, procuraram discos de vinil nas lojasvintage da Asa Norte (outra das zonas residenciais) ou foram a um dos deliciosos mercados das cidades satélite, onde Simon Lau Cederholm, o dinamarquês que já foi considerado o melhor chef do Brasil, gosta de ir às compras.

A capital tem bons restaurantes, sobretudo para quem quer experimentar as tradicionais carnes grelhadas, mas a casa-restaurante de Simon Lau era especial. Quando a Fugas o visitou o Aquavit, considerado o número um da cidade e um dos seis melhores do Brasil (teve recentemente a classificação máxima de três estrelas do prestigiado Guia Quatro Rodas), o restaurante ainda ficava no sector de mansões do lago Norte, com vista ampla para aquela enorme massa de água, e parecia ser, ao mesmo tempo, loja de design, escola de culinária e sala para receber amigos. Há pouco mais de uma semana soube-se pela imprensa brasileira que, por razões administrativas (um diferendo com as autoridades por causa da instalação do restaurante na sua casa), o chef decidira fechar as portas por cinco meses até reabrir num outro local da cidade.

Foi Simon Lau, que começou a trabalhar como auxiliar de cozinha aos 15 anos nos restaurantes de Copenhaga para pagar os estudos, quem desenhou o edifício onde, até aqui, vivia e trabalhava. É também ele o grande entusiasta da horta biológica que mantém no terreno e de onde saem alguns dos produtos que se consumiam (e em breve vão voltar a consumir-se) no restaurante. "Arquitecto, chef e fazendeiro", diz, de sorriso aberto, sem ter a certeza de que esta seja a ordem correcta.

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