Fugas - Viagens

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Las Vegas e Vale da Morte, as duas caras do deserto americano

Por Carla B. Ribeiro

Uma viagem a Las Vegas é sempre sinónimo de compras, diversão e jogo. Mas, para lá da movida urbana, há toda uma região a descobrir. Alternamos, por isso, entre a agitação da Strip e os fantasmas que, sussurram-nos, habitam o Vale da Morte.

Ainda antes de aterrar, e com um abençoado lugar junto a uma janela, Las Vegas lembra uma árvore de Natal numa noite escura. Lá longe, um amontoado de luzes brilhantes. A toda a volta, a brutal escuridão, um nada.

Depois das formalidades próprias da entrada no país, processo que mais parece saído de um filme de ficção científica - e sem que falte um Elvis de peruca e vestido de branco entre os recém-chegados (“Ah! Nunca falha”, diz um companheiro de viagem na sua 10.ª incursão à cidade, “em todas as viagens há sempre um Elvis.”) -, rumamos ao hotel para logo a seguir começarmos esta escapada a Las Vegas por onde a própria cidade começou.

Na Freemont Street, baptizada em honra do engenheiro e explorador John C. Frémont que chegou a Las Vegas Valley, quando este ainda era território mexicano, em 1844, volta a haver Elvis. Mas também Marilynes e até um Super-Homem, de mecha de cabelo enrolada e colada à testa. Pode-se dizer que foi aqui que nasceu Las Vegas. Nesta extensa rua foi inaugurado o primeiro hotel da cidade (hoje designado por Golden Gate, cuja principal atracção reside num tanque de tubarões que se pode atravessar num tobogã), foi ligado o primeiro telefone ou montado o primeiro elevador. Actualmente, com grande parte da rua vedada ao trânsito e uma panóplia de gente de copo na mão a passear de um lado para o outro, houvesse colares de contas brilhantes penduradas aos pescoços e ainda se poderia pensar tratar-se do Mardi Gras.

Sobre as nossas cabeças, a uma altura de quase 30m, uma tela gigante, que percorre mais de 450m de céu, exibe um concerto que deixa todos de nariz empinado. Da rua vai saindo gente para o interior dos edifícios, provavelmente para mais uma tentativa de ter boa sorte ou apenas com o intuito de jogar sem querer saber se ganha ou se perde. Ao mesmo tempo que uns abandonam esta espécie de centro comercial ao ar livre, outros chegam, promovendo uma rotatividade que ajuda a manter os ânimos.

Numa das pontas, a música que vai sendo debitada por uma DJ parece animar duas mãos-cheias de gente que vão pulando e exercitando acrobacias à vez. No canto oposto, um concerto rock que recorre a modificados instrumentos de corda não fica atrás e há quem, literalmente, vibre a cada nota. Já para nós, ainda em horário de Lisboa, quatro da manhã parece uma excelente hora para jantar e nada como alinhar nos pratos mais típicos. Como um hambúrguer, com queijo, bacon e cebola. Mas atenção na hora de pedir a bebida: tudo é servido com porções astronómicas de gelo. Desde a água que nem sequer é preciso requisitar até todo e qualquer refrigerante.

Com o berço de Las Vegas percorrido, para outra noite ficaria aquela que hoje é a rua mais conhecida da cidade. É na Strip, que se estende por quase sete quilómetros da Las Vegas Boulevard, que se encontram as coqueluches da hotelaria da cidade que parecem encaixar-se umas nas outras ao ponto de, por vezes, não sabermos bem onde acaba um hotel e começa o outro. A única coisa que temos a certeza é de que, com tanto circo à volta, mais parece que se acabou de chegar a uma espécie de Disneylândia. Mas só para adultos.

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