Fugas - Viagens

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O Príncipe é na terra e no mar, mas o progresso vem da lua

Noutra encarnação, o Bom Bom pertencia a outro estrangeiro e tinha uma aura de estância de pesca para os ricos e secretos. Foi comprado, juntamente com as suas praias, por Shuttleworth, que também adquiriu a Praia Grande única e exclusivamente para que sirva de santuário às tartarugas marinhas que desovam a poucos quilómetros de Santo António. Nos seus planos estão outras praias do Príncipe, pagando dezenas de milhares de euros por ano pela concessão ao governo regional para poder impedir a extracção de areias para construção que quase acaba com a costa (praia Uba) ou para lá instalar novos projectos turísticos de índole sustentável (praia Sundy, praia Boi).

Há ainda o curioso caso da fantasmagórica praia Macaco, onde há já bungalows uns em cima dos outros, camas ainda no interior, uma piscina de água estagnada e um restaurante comido pela vegetação galopante. Fornece uma das várias sensações à moda da série Perdidos que temos nesta ilha, e uma das mais desnorteantes. É tão bom, não foi?, este projecto de um português que acabou por morrer na praia e que, depois de ter sido comprado pela HBD, será demolido e tornado, em 2016, num hotel de 54 quartos (um por cada país africano). Só nestes projectos, entre concessões pagas anualmente e investimentos para remodelar o Bom Bom, construir novos hotéis ou manter a praia Grande um exclusivo para tartarugas, falamos de gastos que ultrapassam os 40 milhões de euros. Para já.

A marca Príncipe

No total, a ideia é que o Príncipe obtenha do seu principal empreendedor e investidor privado cerca de cem milhões de euros para criar qualquer coisa como uma “marca Príncipe” de sustentabilidade e respeito pela natureza. A mesma natureza que faz com que os cerca de 3000 habitantes da população activa não tenham emprego, mas não tenham propriamente fome. A terra e o mar são sinónimo de subsistência e, ao contrário dos principianos, são ricos.

Agora que a chuva já parou, a idosa dona Brázia sorri-nos no centro de Santo António. Por que é que quer que a Fugas a fotografe? Desarma-nos: “Porque quando for ver a foto, vai-se lembrar de mim.”

Aqui, ao contrário do que acontece em São Tomé, as crianças não pedem aos estrangeiros “doce-doce-doce”, uma cantilena que o turismo irresponsável criou num país em que a saúde básica não inclui consultas regulares de dentista. Quando pedem algo, o que é raro, é que lhes tiremos o retrato. Na roça de São Joaquim, sob um sol abrasador e com vista para o Pico do Papagaio e outras montanhas da ilha (sempre verdes, claro), uma mãe lembra, e bem, que o que faz falta, se queremos oferecer algo num país com uma taxa de natalidade tão elevada e tão pouco emprego, são cadernos e canetas para a escola — algumas das quais têm já professores pagos pela HBD para ensinar disciplinas-base para o futuro, como o inglês ou a matemática.

A empresa emprega 350 pessoas no Príncipe e, segundo Luís Cruz, responsável pelos recursos humanos da HBD, nos próximos três ou quatro anos e com os novos projectos, empregará ainda mais 120 a 140 trabalhadores. Um dos desafios, admite, é “criar uma ética profissional” numa população entregue ao sabor dos dias e, completa Fernando Barros, responsável da HBD para as operações no país africano, “despertar o empreendedorismo sem intervir de forma que prejudique a ilha”.

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