Fugas - Viagens

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O Príncipe é na terra e no mar, mas o progresso vem da lua

Por Joana Amaral Cardoso

Um bombom denso e quente que irrompe do Atlântico, mil sorrisos, sol, praias e roças. O paraíso é aqui, quase em cima do equador, e fala português. Agora, a mudança está a chegar à ilha mais pura de São Tomé: um milionário espacial quer que ela seja ainda mais verde e sustentável. Vem aí mais gente.

Estamos à beira do precipício, ribomba a trovoada pelo Golfo da Guiné e por ali abaixo até ao mar há rocha, coqueiros, areias virgens e memórias de escravos. O mar vai do verde-água ao azul cobalto, sempre cristalino, e recambia qualquer adulto empedernido à infância despreocupada. É vê-los, viajantes solitários, a correr até à água de sorriso rasgado, ou a deixar que o mar faça o seu vaivém enquanto os enrola na areia clara da praia Banana. Na ilha do Príncipe, a irmã mais pura de São Tomé, há duas partes, sempre verdes: “A floresta junto à praia é coqueiro, mais para dentro é eritrineira — dava sombra ao cacau.” O turismo e a colónia. A trovoada quente avança sobre nós depois de dias de sol reluzente. O tempo está a mudar. O Príncipe também.

David Carmo cresceu numa roça, as antigas explorações coloniais portuguesas que polvilham São Tomé e Príncipe, trabalha na hotelaria e é animador na capital do Príncipe, Santo António — sempre descrita como “a mais pequena cidade do mundo” pelos seus habitantes. No promontório, é ele, David em versão guia, que defende que parte da história do segundo mais pequeno país de África é contada pela sua paisagem. Há as praias de postal ilustrado — limpas e seguras, água tépida, coqueiros e caroceiros a bordejar a costa — e há o interior, um verde luxuriante total, menos exaurido do que o da ilha de São Tomé pelas plantações de cacau, café e outros produtos transportados pelos portugueses para o resto do mundo.

Pequeno país, pequena cidade… No Príncipe, o aeroporto é de facto pequeno. Por enquanto. A oferta hoteleira é mesmo um nicho. Por enquanto. A amplitude do clima também é estreita — ou está calor ou está calor, ou está muito húmido ou moderadamente húmido. Aqui e agora, tão perto do equador, está quase, quase a chover. A ilha que rebenta como um bombom verde do azul do Atlântico agradece. Nós corremos para o carro.

Embrenhamo-nos novamente nas estradas terracota ladeadas por floresta, deixando para trás a costa mordida por praias de areia cor de mel. Muitas dessas dentadas em forma de paraíso permanecem intocadas ou são habitadas por pequenas comunidades piscatórias, cheias de crianças a brincar na praia ou a mordiscar uma pata de caranguejo cozido, de porcos deitados à sombra do oblívio do seu futuro (o tacho), pescadores e suas mulheres a organizar as linhas nas pirogas que escavaram a partir da auto-explicativa árvore baptizada como Oca. Um punhado delas tem ou vai ter exploração turística estrangeira, e alguns dos moradores de sempre vão mudar de poiso para abrir caminho para os visitantes. No interior, o mesmo acontece com algumas roças, estruturas arquitectónicas tão importantes do património são tomense quanto as casas tradicionais, elevadas e de madeira, que pontuam a ilha — há roças habitadas por comunidades que cultivam a terra e que vivem ainda nas senzalas, há roças para turismo puro de pequeno-almoço incluído e há roças que complementam projectos de desenvolvimento turístico mais ambiciosos, assentes em ideais de sustentabilidade e responsabilidade social, como os da HBD.

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