O Príncipe não é uma ilha qualquer, um desses paraísos há muito nada perdidos e prontos para tudo o que o turista quiser. É uma ilha para descobrir como se fôssemos quase os primeiros, mas que tem a sua própria história – que faz parte da viagem.
E se há quem saiba as histórias contadas por cada planta, sugeridas por cada trilho na terra vermelha ou música no ar, é o filho de um ex-capataz da Sundy, Cau, aliás Carlos Marx, guia turístico que agora trabalha em São Tomé mas que veio apresentar-nos a sua ilha natal. “São Tomé não é só cacau e café. É natureza, é as roças, mas é sobretudo as pessoas”, postula. Seja numa praia idílica, a bordo de um barco chamado Corvina ou nas estradas da ilha, são elas os melhores embaixadores do Príncipe.
Uma ilha sem criminalidade e com muito futebol, com uma única máquina de levantamento de dinheiro que só serve os bancos locais, onde a malária está quase erradicada e as flores e árvores não cessam de espantar. Uma ilha onde umas férias podem ser uma semana de puro deleite numa água de temperatura tão ideal quanto a visibilidade para os peixes, polvos, crustáceos e coral que por ali vivem, uma sequência de caminhadas e escaladas ou um mergulho nas marcas do passado colonial. Ou um misto disso com uma experiência de aprendizagem sobre, mais do que uma cultura, um modo de vida.
“Leve leve”, dizem eles em São Tomé. Quando a cada pessoa que passa se diz olá e se acena com naturalidade, quando se pede que quem venha seja mais viajante que turista, responsabilizando-se pelo seu lixo ou pela sua pegada e respeitando os príncipes que são os verdadeiros donos da ilha, a expressão parece bem mais desta pequena grande ilha de 7400 pessoas (no país, são 780 mil).
É que aqui vêem-se mesmo estrelas. E planetas. Dizem-nos, naquela poética passadeira que liga o ilhéu Bom Bom ao resort acoplado, que às vezes a lua é tão brilhante e grande que parece o sol. Passados alguns dias, directamente das águas que banham o equador, confirma-se. Para a despedida, a lua preparou um espectáculo que distribuiu luz sobre o oceano cálido e pôs tudo em perspectiva. Afinal, no meio do Atlântico, a noite é tão bela quanto o dia.
GUIA PRÁTICO
Como ir
A partir de 1 de Julho, a TAP voa em aparelho próprio três vezes por semana para São Tomé mas com escala em Acra, no Gana. Serão 400 lugares por semana contra os 197 lugares actuais com saídas às segundas, quartas e sábados às 11h45 e regresso nos mesmos dias durante a noite. A TAP ainda não forneceu preçário para este incremento na rota, sendo que os preços do voo único semanal rondam os 700 euros.
Para chegar ao Príncipe, espera-o um novo voo num pequeno avião de 18 lugares que parte do mesmo aeroporto de São Tomé todos os dias às 9h. Atenção que há limite de peso da bagagem neste voo interno — 15 kgs é o máximo autorizado, mas depende depois da lotação do aparelho. O custo destes voos é de cerca de 170 euros, ida e volta.
Quando ir
São Tomé e Príncipe tem um clima tropical húmido e as temperaturas oscilam normalmente entre as mínimas de 21/23º e máximas de 27/28º, mas com a elevada humidade a sensação de calor é um pouco maior. A chuva é frequente mas não demasiado condicionante e o ilhéu Bom Bom é um dos pontos no Príncipe onde é menos sentida.