Fugas - Viagens

  • Adriano Miranda / Público
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Afinal o Sal tem mesmo tudo incluído

“O Sal é salgado”, atira João, 27 anos, um cabo-verdiano de Santiago que ali encontrámos a contemplar a mesma vista. Na Cidade da Praia era agricultor, mas aqui nada se produz. Das batatas à mandioca, das bananas à manga, das cebolas aos amendoins, tudo vem de barco ou de avião a partir de outras ilhas ou do Senegal, explicar-nos-ão pouco depois no minúsculo mercado local. Aqui até as casas são da cor do terreno, as fachadas pintadas de tons garridos (principalmente no centro histórico) mas com um ar eternamente inacabado. “Enquanto a casa está em construção não pagam impostos, por isso muitas vezes deixam os ferros de fora”, explica Emídio Simões, dono do barco onde mais tarde descobriremos o fundo do mar e que é o nosso guia por estes dias. Por exemplo, em Chão Matias, um bairro de Espargos, uma fachada rosa-bebé tem uma águia do Benfica desenhada ao pormenor, mas o resto é cimento (a grande maioria dos cabo-verdianos são de um clube português — encontramos muitos benfiquistas e sportinguistas — e até o símbolo da Associação Académica do Sal é uma cópia da Académica de Coimbra, a “cabra” substituída pela torre do aeroporto).

Ali perto, o passeio da rua principal enche-se de “lojas” a céu aberto: um costureiro, um sapateiro, pirâmides de tops, calças e equipamentos desportivos, roupas muitas vezes usadas que sapatos desirmanados seguram contra o vento, outras ainda dentro dos bidões onde chegaram desde os Estados Unidos e do Brasil. De repente, pára uma carrinha de caixa aberta, um pedaço de bluefish (anchova) largado numa caixa de plástico, outra faz as vezes de mesa de retalho. Em tronco nu e a pingar de calor, o vendedor pesa uma posta na balança de mão, arranca vigorosamente a pele, corta em filetes. “Um quilo custa 250 escudos e cozinha-se como o atum”, dizem-nos. Em menos de nada já há quem leve o jantar num saco de plástico.

Vilas típicas e natureza

A escassos minutos do Aeroporto Internacional Amílcar Cabral (que até 2005 era o único no país a receber voos internacionais), Espargos é a maior cidade da ilha e onde se concentram grande parte dos serviços, dos equipamentos culturais e desportivos e um inesperado número de lojas de chineses. “Vieram complicar o comércio local, porque vendem não só as coisas deles, como roupa e produtos alimentícios”, lamenta Emídio. É na capital que se cruzam as escassas artérias alcatroadas, mas até à Buracona, uma das principais atracções do Sal, apenas um infinito chão pedregoso, um caminho que se adivinha somente nos leves sulcos deixados no vaivém de carrinhas, pick-ups e motos 4 atulhadas de turistas.

A meio do percurso, miragens de água no deserto rochoso e outra que, de tão inusitada, também nos parece irreal. No meio deste nada ergue-se o atelier-bar de Emanuel: um círculo de brita delimitada a pneus, uma redonda loja de madeira e folhas de palmeira onde encontramos algum do pouco artesanato genuíno da ilha (e não importado com a vaga de vendedores senegaleses). Emanuel divide o espaço com outros dois artesãos: um pinta tartarugas numa garrafa forrada com areia da ilha, o outro cola palitos de fósforo sobre uma pequena guitarra. “Antes vendia às lojas, mas não compensava porque as garrafas, por exemplo, vendia a oito euros e depois eles vendiam a 25”, conta. “Aqui todos os dias passam turistas no caminho para a Buracona e alguns sempre levam alguma coisa.”

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