Fugas - Viagens

  • Nelson Garrido
  • Lukas aguarda-nos junto a Markethalle 9, no distrito de Kreuzberg
    Lukas aguarda-nos junto a Markethalle 9, no distrito de Kreuzberg Nelson Garrido
  • O antigo Mercado,
nascido em 1891, renasceu
como uma espécie de praça de
alimentação gigante
    O antigo Mercado, nascido em 1891, renasceu como uma espécie de praça de alimentação gigante Nelson Garrido
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  • Maria Gürtler cresceu na antiga Berlim
Leste e é para aí, para um antigo parque da
sua infância, que nos leva
    Maria Gürtler cresceu na antiga Berlim Leste e é para aí, para um antigo parque da sua infância, que nos leva Nelson Garrido
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    Maria Gürtler Nelson Garrido
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  • Magnus Hedman, filho de suecos, quer mostrar, entre outras coisas, a feira de velharias da Boxhagener Platz,
    Magnus Hedman, filho de suecos, quer mostrar, entre outras coisas, a feira de velharias da Boxhagener Platz, Nelson Garrido
  • Memorial de Guerra Soviético no Treptower Park
    Memorial de Guerra Soviético no Treptower Park Nelson Garrido
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Berlim não tem Muro há 25 anos. Ou tem?

Magnus está em casa e nota-se. Caminha de mãos nos bolsos, descontraído, pelas ruas do quarteirão de Friedrichshain que, a par com Prenzlauer Berg, se tornou um dos bairros boémios mais procurados pelos jovens, na antiga Berlim Leste.

“São zonas cheia de gente nova, com grande vida nocturna. Ou seja, é óptimo quando tens 20 ou 30 anos, até porque não é caro para viver. As rendas, comparadas com outras cidades, são baixas e podes sobreviver sem problemas. Eu gosto, por agora, mas não queria criar aqui crianças, se as tiver. Para isso, não tens de estar num sítio onde vês drogados e bêbedos todos os dias e isso é o que acontece aqui”, diz.

Para já, aos 25 anos, com os exames terminados e que, ainda por cima, “correram muito bem”, Magnus não consegue tirar o sorriso da cara. Começa a falar do bairro onde vive, mas a meio já parece estar a englobar toda a cidade de Berlim e percebe-se que talvez o seu futuro não passe pela capital alemã. “De momento, é óptimo, porque podes experimentar tudo, há sempre pessoas que estão a começar algo de novo”.

A conversa leva-nos até um pequeno restaurante, com um único funcionário. O Marafina, de um imigrante da Eritreia que faz tudo ali à frente de quem chega para comer, e na hora, é um dos exemplos de restaurantes baratos, diferentes e de comida muito apetitosa que levam Berlim a ser ideal para jovens adultos que gostam de experimentar coisas novas e não têm muito dinheiro para gastar, diz Magnus. Sentados na sala decorada em tons de vermelho e negro, falamos do Muro.

Longe de Berlim, Magnus lembra-se de ter visto, em casa dos pais, as fotografias da divisão da cidade e também do momento da queda do Muro, a 9 de Novembro de 1989. Depois que se mudou para a cidade, ele ainda identifica diferenças entre Leste e Oeste. “Nota-se em aspectos como a arquitectura, com o Leste a ser muito mais influenciado pelas grandes construções russas. E, quanto mais te afastas da antiga zona do Muro, mais notas, nas roupas e no modo de ser. É diferente”, diz.

Depois de lambermos os dedos, com as delícias do Marafina, entramos no metro e dirigimo-nos a Treptower Park. É nos limites deste parque muito procurado pelos berlinenses para passear ou relaxar que se encontra o antigo Spreepark, mas o passeio de Magnus não nos leva até lá e acabamos por não o ver.

Em vez disso, ele guia-nos até ao Sowjetisches Ehrenmal, o enorme Memorial de Guerra Soviético construído pelo arquitecto Yakov Belopolsky para lembrar os cerca de 50 mil soviéticos que morreram na Batalha de Berlim, em Abril e Maio de 1945. O memorial é também o local onde estão enterrados cerca de cinco mil dessas vítimas, e foi inaugurado quatro anos após o fim da guerra, a 8 de Maio de 1949.

Passamos pelas enormes estátuas da Mãe Rússia, segurando uma criança nos braços, pelos soldados novos e velhos, que lhe prestam homenagem ou que estão espalhados pelo terreno, como estátuas gigantes ou parecendo saltar de painéis gravados. O local, apesar das suas referências bélicas, é estranhamente calmo. “É um monumento muito bonito e eu gostava de vir para aqui estudar”, diz Magnus.

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