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A Andaluzia nas entrelinhas, a paixão à flor da pele

Alcalá la Real

Em terras onde a reconquista foi um jogo de avanços e recuos entre cristãos e muçulmanos ao longo de séculos, nenhum local é tão paradigmático como Alcalá la Real. Terra de fronteira entre vários reinos muçulmanos, mais tarde, depois da conquista definitiva por Castela, passou ser a linha avançada da reconquista, que, daqui e durante mais de cem anos, cobiçou o reino de Granada — e já sabemos como termina essa história. Por isso, Alcalá la Real é tão especial na Andaluzia e, talvez por ter vivido durante tanto tempo em duplicidade acossada, não sinta a esquizofrenia de ser duas: a antiga, abandonada, e a moderna, que carrega a memória anterior. É a antiga que é fascinante como um laboratório histórico — na agora chamada Fortaleza de la Mota viajamos no tempo, a meio caminho entre a mesquita de Córdova e a Alhambra de Granada — a sua fortuna e a sua perdição.

Foi na viragem do século XVII para o XVIII que a antiga Alcalá Real ficou definitivamente deserta. Mas este não foi um movimento repentino, foi um crescendo a partir do momento em que a reconquista terminou e a cidade perdeu seu valor estratégico — a população pôde libertar-se definitivamente das muralhas e ocupar o vale. A cidade abandonada foi objecto de recuperação e é assim que a encontramos, empoleirada no alto, rodeada de muralhas sucessivas até ao enclave final — a alcáçova. É sempre a subir, portanto, a visita, começando pela zona comercial que parecia abrigar-se em grutas escavadas na rocha, em vários andares. O comércio, logo o hospital e os prostíbulos até entrarmos no alcázar, última porta que servia também de portagem.

Se há estruturas inteiras — como as torres da alcáçova e a igreja Maior Abacial (que alberga o Centro de Interpretação da Vida na Fronteira) —, a maior parte do que vemos são ruínas, pedras que demarcam antigas vivendas dos vários bairros: o nobre, o militar e o popular. Alguns edifícios ainda mantêm certos recantos intactos, como lareiras ou escadas que agora dão para nenhures, outras revelam antigos silos de cerâmica que seriam depósitos de vinho, e a casa do abade desvenda uma câmara subterrânea que os investigadores acreditam ter sido depósito de gelo — a serra Nevada vê-se ao fundo, na paisagem inundada de sol e névoa, mas o gelo só viria daí em último recurso. A antiga botica está reconstruída e algumas das ruas são as originais, sendo iniludível a sensação de pisarmos uma história da qual se tem registo desde 713 como fortaleza — qal’at, levando a seguir o nome da família governante, ou, resumidamente Al-Qal’a — embora o que vemos hoje tenha sido erguido, sobretudo, entre os séculos XIII e XIV.

Voltamos aos pés da Fortaleza de La Mota, até ao Rincón dos Poetas, a metáfora perfeita para a cidade e para a Andaluzia. Neste pequeno jardim murado ergue-se o Monólito das Três Culturas — de forma piramidal, nele se inscrevem a cruz, o crescente e a estrela de David, com saudações em espanhol, árabe e hebraico. Os símbolos das três culturas medievais da região, finalmente em paz, como herança do presente e legado do futuro desta encruzilhada.

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