Fugas - Viagens

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A Cuba das jóias patrimoniais e das "majestosas montanhas verdes"

Durante alguns séculos também estiveram esquecidos os 13 altares de ouro da igreja de São João Baptista, escondidos debaixo de tinta acrescentada para enganar piratas. Ainda antes da revolução foram devolvidos ao convívio da população e hoje são uma atracção turística que enquadra uma imagem da Nossa Senhora grávida. A caminho de se tornar numa, está a outra igreja da praça (algo invulgar) a del Buen Viaje, da Boa Viagem, actualmente em obras de restauro. 

Há obras em vários locais da cidade e um investimento turístico algo invulgar – hotéis boutique, como mais uma forma de atrair turistas para mais do que uma passagem rápida. Nós que até seguimos as tendências actuais do turismo em Remedios e ficamos poucas horas temos então o privilégio de ver, de participar, nas parrandas que têm direito a um museu que não chegamos a conhecer. Afinal, de repente somos envolvidos por uma turba que simboliza as duas “facções” em que a cidade se divide, correspondendo a dois bairros: São Salvador, a norte, e Carmen, a sul, com a praça principal como fronteira. 

Há galos e águias pelo meio porque são as mascotes de cada lado, desfilam uns mini-carros alegóricos, erguem-se faixas e cartazes pintados com ditos provocatórios, há foguetes e outros engenhos pirotécnicos à solta. Mas o que realmente se destaca é a música incessante acompanhada de corpos bamboleantes. Tambores, trombones, trompetes, cornetas, chocalhos, apitos, buzinas, latas num caldeirão de tudo o que faz ruído misturado em rumbas e linhas de conga. Não é um Carnaval, mas parece: só que as parrandas duram oito dias que vimos condensados em meia-hora, com algumas dezenas de participantes. Em Dezembro é a cidade toda que se mobiliza, transformando-se numa versão caribenha de sambódromo. Mas aberto a todos.

Pérola do sul

Dirigimo-nos ao sul, entre slogans revolucionários, entre a reforma agrária – mais sonhada do que concretizada, pela quantidade de campos que vemos abandonados. Por acaso, às portas de Cienfuegos não é o caso, há muita gente a lavrar campos, passam carroças e cavalos e ainda se encontra tempo para falar entusiasticamente ao telemóvel. “Trabajar con orden, disciplina y exigencia”, “Hay que producir más la tierra”, “Por un socialismo prospero y sostenible”, lê-se em muros e cartazes; a efígie de Che Guevara é omnipresente, os perfis de Fidel e Camilo Cienfuegos acompanham por vezes. “Puede decirse que Cienfuegos nunca ha fallado”, “Cienfuegos Património Cultural de la Humanidad” – estes são os slogans locais, específicos desta “Pérola do Sul”, cidade que tem nome de revolucionário mas é a um antigo governador que o deve, cidade de “cem fogos”, portanto, mas que se distingue pela sua baía, cidade de nome bem espanhol mas de fundação francesa, cidade recente mas também pioneira (e até única) no país.
Tem, por exemplo, o único arco de triunfo do país, construído com dinheiro angariado pelos trabalhadores para celebrar a república. E foi a primeira no país a aplicar os novos conceitos urbanísticos – um corte com a herança colonial. 

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