Fugas - Viagens

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A Cuba das jóias patrimoniais e das "majestosas montanhas verdes"

As árvores aglomeram-se, a vegetação compacta-se até tudo parecer um volume impenetrável, com palmeiras reais a elevarem-se acima. O porto de Mariel não se vê, mas merece referência orgulhosa do guia quando nos deparamos com o seu rasto de obras na órbita da autoestrada – afinal, é o maior investimento em curso no país, e será o maior porto cubano, libertando o porto de Havana apenas para o turismo 

É o turismo, ecológico e sustentável, a bandeira de Las Terrazas, aldeia transformada em complexo turístico - diríamos éden turístico. São 25 mil hectares de florestas montanhosas, rasgadas por rios, ribeiros, lagoas e cascatas, com 800 espécies botânicas (mais de 200 endémicas), uma avifauna notável, cerca de 100 espécies, entre migratórias (MIAMI) e endémicas (como o  tocororo, símbolo de Cuba), e outras curiosidades como um dos mais pequenos sapos do mundo e o minúsculo (e colorido) chipojo, um réptil.

Las Terrazas abraçam o rio San Juan e, apesar da distinção da UNESCO ter chegado em 1985, a verdade é que a integração no entorno natural sempre foi uma prioridade. Na verdade, a natureza foi um dos motivos da construção da comunidade, em 1968, quando a revolução era uma criança a desenhar utopias. 

Depois do período áureo do café, a decadência desta produção levou as populações locais à extracção de carvão o que agudizou o derrube da floresta e o surgimento de uma bolsa de pobreza extrema, com as pessoas a viverem isoladas, longe de cuidados de saúde e acesso à educação. Foi neste contexto que o governo criou aqui uma espécie de reforma agrária, com um programa bicéfalo: por um lado, promover o desenvolvimento rural, por outro restabelecer o equilíbrio ecológico. A aldeia foi criada em 1968 como pólo aglutinador das pessoas que viviam dispersas pelas montanhas que receberam a missão de reflorestar a zona. Foi assim até 1991, quando uma nova variável foi introduzida neste ecossistema – o turismo, comunitário e sustentável. “Até 1991 fomos subsidiados pelo Estado. Desde então, com o desenvolvimento da actividade turística, conseguimos auto-financiar-nos, com todo o produto reinvestido na comunidade”, sublinha Fernando Paredes, o director-geral. 

É assim que chegamos a Las Terrazas, equilibrada entre o turismo e o quotidiano rural. Somos turistas típicos quando desembocamos à beira de um lago – artificial – onde funciona um centro de acolhimento. Relvados bem tratados, longo ancoradouro, um dos restaurantes do complexo – e toda a natureza luxuriante a emaranhar-se no nosso horizonte. A aldeia fica para o outro lado e está embutida nos socalcos que dão nome à comunidade e forma à paisagem que se começam a ver as casas brancas pré-fabricadas, individuais, assentes em pilares com pequeno terreno em volta. “Os habitantes estavam habituados a ter o seu quintal, não quisemos tirar isso”, explica Fernando Paredes. Esta foi a primeira fase do pueblo, a segunda sobe um pouco em altura, com edifícios de dois andares e vamos vê-la de outro lado, na subida para o hotel Moka, ícone do complexo e do ecoturismo cubano. 

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