Fugas - Viagens

  • A península de Akamas, na parte ocidental, é uma das regiões menos exploradas da ilha
    A península de Akamas, na parte ocidental, é uma das regiões menos exploradas da ilha St Gerardi
  • Aqueduto de Kamares
    Aqueduto de Kamares St Gerardi
  • As igrejas são testemunhas da fé e as montanhas de Troodos sempre foram, ao longo dos tempos, lugar de refúgio
    As igrejas são testemunhas da fé e as montanhas de Troodos sempre foram, ao longo dos tempos, lugar de refúgio Cyprus Tourism Organization
  • É no Chipre que se faz o vinho mais antigo do mundo
    É no Chipre que se faz o vinho mais antigo do mundo Cyprus Tourism Organization
  • Praia de Dasoudi, em Limassol
    Praia de Dasoudi, em Limassol F. Cappellari
  • Amphora Cave Dive, em Aya Napa
    Amphora Cave Dive, em Aya Napa Scubacube
  • Teatro Kourion, em Limassol
    Teatro Kourion, em Limassol F. Cappellari
  • Baía de Nissi, em Aya Napa
    Baía de Nissi, em Aya Napa Cyprus Tourism Organization

Continuação: página 4 de 8

Segredos bem guardados na ilha da deusa do amor

Construída com pedras de origem vulcânica que se encontram na região, as representações que decoram os seus muros são um testemunho verdadeiro e inestimável de mais de cinco séculos de arte religiosa, com as suas personagens do século XII, expressando um ar nobre e de profunda espiritualidade, como exemplares máximos e bem característicos do período em que viveu o imperador Comneno. Mas a igreja sofre também a influência dos modelos ocidentais, como se pode observar numa zona da parte central da abóbada, em quatro cenas da vida de Cristo que datam do século XIV — e tantas são as pinturas e tão fácil a leitura que, mais do que serem olhadas, devem ser vistas, percorrendo-as com a atenção que se deve dedicar a um livro.

Nicósia, com as suas muralhas venezianas divididas pela cidade dividida, fica para trás e logo começam a surgir placas indicando a direcção de Kyrenia, onde chego ao fim de menos de meia hora. A primeira imagem seduz de imediato, o seu porto pitoresco reflectido nas águas calmas, as mesas dos cafés e dos restaurantes enchendo a atmosfera ainda de mais cor. Mas a popularidade da cidade — um dos lugares preferidos dos oficiais ingleses reformados durante a ocupação — resulta também de um conjunto de atracções que rapidamente prendem o olhar.

Kyrenia, ou Girne, como lhe chamam os locais, foi fundada por gregos no século VII a.C. mas os romanos, os venezianos e os otomanos deixaram igualmente a sua marca na arquitectura, reforçando as suas linhas defensivas para se precaverem das investidas dos invasores.

Dominando o porto que goza de uma posição estratégica no norte da ilha, o castelo de Kyrenia foi levantado no século XVI pelos venezianos, alegadamente sobre os escombros de um forte dos Cruzados. Investigações levadas a cabo no lugar sugerem a existência de um castelo bizantino já no século VII (construído sobre um forte romano) para defender a cidade da ameaça marítima árabe, mas a primeira referência documentada remonta a 1191, ano em que foi capturado por Ricardo, Coração de Leão, a caminho da terceira Cruzada.

Anos mais tarde, Ricardo vendeu a ilha aos Cavaleiros Templários e, mais tarde, ao primo Guy de Lusignan, antigo rei de Jerusalém, cuja família subjugou Chipre durante quase 300 anos. Alvo de frequentes cercos, o mais longo de todos ocorreu no século XV e prolongou-se por quase quatro anos, obrigando os ocupantes a alimentarem-se de ratos.

Nos derradeiros anos do mesmo século, os venezianos assumiram o controlo de Chipre e, em 1540, paranóicos face aos avanços dos otomanos, deram ao castelo a forma que hoje apresenta. Dele não desfrutaram, os venezianos, mais do que 30 anos: consumada a chegada das tropas otomanas, partiram sem dar luta, enquanto o castelo sofria ligeiras alterações logo destruídas pelos ocupantes ingleses, que também o usaram como prisão para os membros da EOKA, em luta contra os colonizadores.

O castelo, ao qual se acede por uma ponte de pedra construída sobre o antigo fosso, abriga o túmulo do almirante Sadik Pasha, a quem se atribui a conquista da cidade em 1571, a cruciforme igreja de S. George, do século XII e preservada pelos venezianos, bem como o museu dos naufrágios, exibindo, entre outros artefactos, os restos de um navio mercante grego do século IV a.C., uma das mais antigas embarcações do mundo a serem recuperadas, juntamente com a carga.

--%>