1. Fim de tarde ao ar livre
Os dias mais longos pedem uma paragem antes de seguir para casa, para esquecer o trabalho e conversar com os amigos. O calor não é abrasador, mas já começa a permitir um fim de tarde ao ar livre, de copo na mão e petisco no prato, e se for preciso pede-se uma manta. Vamos então apanhar elevadores, subir a terraços, e aproveitar duas das melhores coisas que a cidade tem para dar: as vistas e a comida, que juntas formam uma combinação irresistível.
3.º andar
A Madame Petisca? Se quiser, pode sentar-se lá fora, nos bancos altos que dão para a rua de Santa Catarina (uma varanda a dar para outras varandas), ou nas mesas com cadeiras de ferro coloridas. O terraço do Hotel Monte Belvedere deu o seu grito do Ipiranga em Junho do ano passado e agora é a independente Madame Petisca quem dita as ordens. À esquerda o Adamastor, em frente a nova sede da EDP, à direita a Ponte 25 de Abril, e o rio a unir todos estes pontos.
O petisco aqui é a palavra-chave. A chef Patrícia Rego faz as suas sugestões: uma tábua de queijos (de Azeitão, da Ilha e dois do Alentejo) para acompanhar uma taça de vinho. Ou cascas de batata com maionese de alho e um gin. Mais sofisticado? Torta de salmão fumado com espinafres e molho de iogurte com três citrinos (laranja, limão e lima). Ou uma bruschetta de cogumelos com redução balsâmica acompanhada de um cocktail com frutos de Verão. Tem estado a preparar a nova carta e ainda haverá surpresas. O que é preciso é que Patrícia Rego tenha bons sonhos. “Se não sonhar com um prato ele não vai sair”. F.G.H.
Madame Petisca. Rua de Santa Catarina, 17 (Hotel Monte Belvedere), Lisboa
Tel.: 915 150 860. Horário: aberto todos os dias das 16h às 00h
Preços: petiscos vegetarianos, de carne ou peixe entre 4€ e 10€
4.º andar
É a Lisboa industrial ribeirinha que aqui temos. Da varanda deste prédio de quatro pisos do LX Factory (e do terraço em cima prestes a abrir) vemos gruas e mais gruas, o comboio a passar com contentores gigantes, as fábricas que estão abandonadas, os pilares da ponte muito próximos. De frente está o Cristo Rei e por isso este gastrobar se chama Rio Maravilha: é o Tejo que é para ser celebrado, mas também um certo espírito transatlântico.
O restaurante instalou-se na sala de convívio da Real Fiação de Tecidos Lisbonense (os menus vêm nas fichas dos trabalhadores, com as suas fotografias e tudo). E é à volta do convívio que tudo gira. Por isso as mesas rectangulares têm impressos nos tampos jogos da Majora (podemos até pedir as peças e jogar). Por isso também os pratos podem ser “para picar”, acompanhados por cocktails pensados de propósito para eles. Por exemplo, as asas de galinha (para comer com as mãos) juntam-se a um rum sour de ananás braseado, mel, alecrim e paprika.
A cozinha do chef Diogo Noronha tem algumas vacas sagradas — “nas bases clássicas francesas não se mexe”, por exemplo — e usa sobretudo “produtos locais e sazonais”. De resto, “não tem que existir uma lealdade cega” aos pratos tradicionais. Podemos muito bem encontrar chips de mandioca a partilhar a tigela com uma versão delicada de torresmos de porco.