Fugas - Viagens

  • Miguel Manso
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Boston, a revolucionária tranquila

Mas desviamo-nos da centralidade bem-vinda do nosso hotel, em Back Bay, que nos permite descobrir os principais bairros da cidade caminhando. Deste “novo” centro conquistado à água no século XIX (era um “anexo” pantanoso do rio Charles que foi transformado em quarteirões de casas vitorianas, igrejas e, mais tarde, arranha-céus) até à água no século XXI (o HarborWalk, ainda em desenvolvimento, tem o oceano como vizinho, desde o Instituto de Arte Contemporânea até ao Christopher Columbus Park com praias, molhes e cais históricos que formaram o coração do comércio marítimo da cidade pelo caminho). Sem falhar o “caminho verde” que leva o nome de Rose Fitzgerald Kennedy Greenway e é um dos “milagres” do Big Dig, obra máxima de engenharia que deu a volta a viadutos (“the distressway” ou “parking lot”) trocando-os por túneis que ajudaram a tornar o trânsito mais fluido e a cidade mais arejada. Afinal, Boston é um território concentrado em menos de dois quilómetros de largura e cinco de comprimento — parece curto para tanto simbolismo, é ideal para visitantes.

No entanto, muitos visitantes não resistem a dar uma volta numa das atracções da cidade, os Boston Duck Tours. Os veículos anfíbios são uma constante nas ruas de Boston — e nas águas. Apesar de terem nascido no Wisconsin e, entretanto, espalhado-se um pouco por todo o mundo, foram adoptados como parte integrante da paisagem urbana — afinal, a história de amor de Boston com “patos” já tem precedentes, na forma literária (e esta é uma cidade eminentemente literária): Make Way for the Ducklings, algo como “abram o caminho aos patinhos”, é o livro infantil, publicado em 1941, que conta a história de uma família de patos que decide viver numa ilha no lago do jardim público da cidade. Sucesso literário e afectivo para gerações de americanos (e não só), os patos têm direito a estátuas de bronze no jardim que escolheram como morada.

Nós também embarcamos num duck tour, com partida do Prudential Center, no caso do Molly Molasses — todos os veículos têm nomes relacionados com a cidade: neste caso, a Great Molasses Flood, uma inundação que em 1919 causou 21 mortos nas ruas de North End, quando um tanque com quase nove milhões e meio de litros de melaço (molasses), usado na destilação do álcool, (que, a ironia é evidente, no dia seguinte seria proibido, no início da Lei Seca) rebentou. É o professor Quackenstein, “académico, historiador e cientista louco”, que nos guia nesta “máquina do tempo”, para um “regresso ao futuro”.

Apesar do cepticismo inicial, e mesmo com o vento frio que vira do avesso o dia quente de meados de Junho (e ainda haverá chuviscos), confessamos que é uma boa introdução à cidade, ainda que depois exploremos a pé parte do nosso percurso sobre rodas. O melhor dos dois mundos: a liberdade de andar a pé (e não é um jogo de palavras com o “trilho da liberdade” que nos permitirá não nos perdermos — também pode haver um guia real, vestido à época) aliada aos pormenores sobre a cidade que de outra forma não teríamos sabido (pelo menos em tempo real) a que temos acesso a bordo do Molly Molasses. É desta mescla que resulta a “nossa” Boston.

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