Fugas - Viagens

  • Miguel Manso
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Boston, a revolucionária tranquila

Não conseguimos fartar-nos do contraste (as nossas fotografias são disso prova): o edifício que já foi o mais imponente de Boston é um anão, quase uma peça de Lego entre os arranha-céus que o rodeiam neste que é também o centro financeiro da cidade. Mas seguimos com a Guerra Revolucionária no Faneuil Hall, mercado e ponto de encontro desde 1743 — aqui se fizeram dos discursos mais inflamados pró-independência. Agora faz parte de um complexo que inclui o Quincy Market (atravessamos o corredor da comida e não paramos de olhar vitrinas recheadas de sobremesas coloridas em conjuntos artísticos) junto ao antigo porto mas continua a ser espaço privilegiado para actos simbólicos e discursos políticos. Estamos em plena área comercial e de lazer e no exterior grande esplanada de tijoleira vermelha uniformiza toda a zona que inclui verdadeiros centros comerciais, lojas e vendedores de rua, e também mesas e cadeiras, e, sorte nossa ou rotina, espectáculos musicais (no caso, bagpipers).

O intervalo faz-se para o almoço marcado no Union Oyster House, o mais antigo restaurante dos EUA (1826) — as ostras que dão nome à casa são incontornáveis, mas é (mais uma vez) a lagosta que vem para a mesa: em quase todas as nossas refeições em Boston é omnipresente, ou não fosse um dos ícones gastronómicos da cidade (e da Nova Inglaterra) — veja-se a sua presença em tantos souvenirs — em diversas declinações. Não muito longe, a “mais antiga taberna da América”, lê-se na montra da The Bell in Hand (1795) — e estamos no Blackstone Block, pequenas ruelas pitorescas, dos já reconhecíveis edifícios de tijolo, que albergam comércio (muitos pubs) no rés-do-chão, muitas vezes revestido a negro e dourado, vasos pendurados e suportes de lousa com os pratos do dia a alinharem-se defronte das fachadas. Erguemos os olhos e os arranha-céus miram-nos incessantemente. É também aqui, numa alameda arborizada, que se situa o New England Holocaust Memorial, seis torres de vidro em fila que se percorrem com as sombras a tatuarem os números da “solução final” nazi — e o seis não é à toa: seis milhões de judeus mortos no holocausto, seis campos de concentração principais, seis anos de genocídio.

Daqui houve Estados Unidos

Para o West End, então. Aqui apenas passamos nos Duck Tours e no táxi que nos levaria à estação ferroviária de Boston North e o que melhor observamos desta parte da cidade é desde o rio Charles. Finalmente trocamos as rodas pelo casco do “barco” para entrar “na melhor via para evitar o tráfego de Boston”. No rio que já foi um dos mais poluídos do país e agora é o mais limpo rio urbano (“um projecto de décadas”), pesca-se e toma-se banho sem perigo para a saúde apesar da cor castanha, “apenas vegetação”.

Passamos uma porta (já na reforma) que pertencia ao sistema de barragens do rio, no local onde este se estreita e dá lugar ao novo Museu da Ciência (“cheio de maravilhas” e temos de acreditar pois não o visitaremos) — quando novamente se alarga a vista consegue abarcar o edifício completo e o parque que acompanha o rio do lado Boston; do lado de Cambridge é um trilho de bicicletas. Inversão de marcha na direcção da foz, para ver como Boston se aproximou do rio com parques que o perseguem incansavelmente e com edifícios residenciais de luxo — a margem do West End. “Este é um edifício adorável do lado de fora, tem cozinha e lavandaria 24 horas por dia, pátio no interior, garagem em baixo”, vai descrevendo o nosso guia, para terminar com a punch line: “E é uma prisão [Suffolk County Jail]”.

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