Fugas - Viagens

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    Parque Natural de Montesinho Hugo Santos
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Trás-os-Montes: Quando os veados deixam de ser fantasmas

Saímos pela Porta da Vila para a cidade que se estendeu extramuros e abraçou o rio, o Fervença. À volta da muralha, um jardim, nós seguimos o roteiro entre ele e uma fileira de casas antigas, passamos o Convento de S. Francisco e encontramos aberta a porta da igreja do Convento de S. Bento: um impressionante altar-mor com retábulos dourados e tecto de alfarge espera-nos.

Estamos na antiga freguesia de S. João e no local onde antes se localizava a igreja matriz está hoje um edifício renovado no início do século XX onde funcionou o Banco de Portugal e hoje é a sede portuguesa da Fundação D. Afonso Henriques. Em direcção à Praça da Sé caminhamos por território eminentemente nobre, revelado nas fachadas seiscentistas e setecentistas, onde se alinham brasões. Algumas estão transformadas em turismo de habitação (o solar dos Lousada Sarmento), intromete-se a nova Domus Universitária (residência para estudantes) e chegamos à igreja de S. Vicente, génese românica visível na abside, rodeados de lenda: aqui terão casado D. Pedro e D. Inês.

A porta abre para o “largo do Principal”, como é conhecida a Praça de S. Vicente, inclinada, ou não estivéssemos ainda na encosta do castelo, no que foi o centro da cidade extramuros – o nome informal deve-se ao edifício que tutela o espaço, nascido para albergar o Corpo da Guarda Principal; no centro, o monumento aos Combatentes da Grande Guerra torna visível esse carácter militar.

Regressamos à Rua Abílio Beça para visitar o Museu do Abade de Baçal, no antigo paço episcopal. Logo na recepção, deparamo-nos com um dos símbolos da identidade transmontana, um trasfogueiro, imponente no seu trabalho e decoração férreos, antes de iniciarmos a visita que começa numa exposição de desenhos a tinta-da-china de Almada Negreiros e termina numa mostra de pintura de nomes como Silva Porto, Abel Salazar e José Malhoa.

Pelo meio, percorremos caminhos transmontanos através da arqueologia, arte sacra, ourivesaria, numismática, mobiliário, etnografia e epigrafia num conjunto notável – pomos a cabeça no ar para observar um tecto setecentista em caixotões de origem jesuítica (da antiga sé?) para aqui transferido e considerado uma das grandes obras sacras transmontanas.

Estamos numa rua “cultural”. Depois deste museu, surge a Galeria História e Arte, segue-se o Centro de Fotografia Georges Dussaud (ambos encerrados à hora que passamos) e um pouco mais adiante o Centro de Arte Contemporânea Graça Morais, em dia de inaugurações: Terra, de Sebastião Salgado (até 16 de Outubro), e Ao Encontro de Sophia, de Graça Morais (até 29 de Janeiro de 2017). Entretanto, passamos um dos mais notáveis solares brigantinos, a Casa dos Arcos, e um pouco mais à frente estamos no Largo da Sé, com o seu cruzeiro ricamente trabalhado e o castelo já a espreitar no alto.

Não entramos na antiga sé, que foi igreja de um convento e passou pelas mãos dos jesuítas que construíram um colégio adjacente, hoje dividido em vários espaços culturais municipais, e a visita guiada termina aqui. Regressaremos, porém, no final da manhã de domingo para caminhar pela Praça Camões que foi mercado municipal (a fachada está lá a prová-lo) e pelo Jardim António José de Almeida, em dois níveis, até à beira-rio.

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