A psicologia, explica Teresa, servir-lhe-á para um dia poder envolver-se nalgum projecto de ajuda humanitária. No entanto, é a psicologia que aplica diariamente no seu trabalho. Logo no primeiro instante. “Consigo ver se a pessoa que tenho à frente tem um futuro na hotelaria pela frente.” É que, explica, “o tipo de pessoas que trabalha em hotelaria é diferente; é o tipo de pessoa que gosta de servir, de fazer o cliente feliz”.
Mas a contratação de um colaborador ou a aceitação de um estagiário obedece a outras regras que considera de ouro: “Perceber se a pessoa que tenho à minha frente se enquadra no que já existe”. É assim que mantém a equipa, no caso “bastante jovem”, coesa. O terceiro passo vai no sentido de fazer com que qualquer colaborador sinta a casa como sua. O que passa por “envolver toda a gente em tudo — como nos resultados que partilhamos numa reunião geral mensal ou criando figuras como o ‘funcionário do mês’ ou ‘chefe de departamento do ano’ — sem esquecer as regras que são tão importantes quanto tudo o resto”. Algo que, defende, deve ser imposto com tanta firmeza quanto delicadeza: “Qualquer colaborador deve sentir-se encaminhado, mas também aconchegado”. E isso acontece em todas as hierarquias. Um dia por semana, por exemplo, um dos directores de departamento substitui a directora-geral. É uma maneira, diz, de haver vários olhos a observarem a mesma coisa. O resultado acaba sempre por passar por algumas melhorias.
Já sobre as suas funções diárias, Teresa observa que um dia nunca é igual ao outro. Enquanto conversamos, a visita-surpresa de dois inspectores da Inspecção-Geral do Trabalho reforça a ideia. No entanto, há duas coisas que nunca falham: a reunião da manhã, em que se prepara o resto do dia, e o pequeno-almoço de colegas que lhes permite “desanuviar o ambiente e iniciar o dia mais descontraídos”.
Hugo Silva, o chef executivo
O Farol Design Hotel destaca-se pelo estilo, pela localização, mas também pelas cozinhas dos seus restaurantes: o The Mix, de influência mediterrânica, e, desde o início deste ano, o Sushi Design. À frente de ambas, Hugo Silva, o chef executivo que esteve quase para ser filósofo.
Um ano após acabar o secundário, conta, reencontrou a professora de Filosofia no meio da rua, que não queria acreditar que o seu mais promissor aluno tinha trocado um lugar no curso de Filosofia por um ano no Centro de Formação Alimentar, na Pontinha. Hugo sempre gostou de cozinhar: “Aos oito ou nove anos, lembro-me de a minha mãe telefonar a dizer que eu podia ir adiantando o jantar, como fazer a salada, o que me deixava todo contente.” Mas fazer disso profissão só lhe passou pela cabeça após vários amigos, conhecendo a sua vocação para os tachos, lhe terem indicado a escola da Pontinha. Assim, adiou a ida para Filosofia (até hoje).
No Farol Design, Hugo assume a responsabilidade de supervisionar as cozinhas: a do The Mix, mas também a do Sushi Design pelo sushiman Pekel. “Quando surgiu a oportunidade de tomarmos conta do sushi, propus a todos os meus chefs um curso de sushi; Pekel mostrou-se entusiasmado e acabámos por ir os dois”, recorda. Pelas cozinhas, nas quais a higiene é um dos principais ingredientes, “o ambiente é sério, formal, silencioso”. Primeiro pelo facto de as cozinhas estarem demasiado expostas aos clientes — no The Mix a separação com a cozinha é envidraçada; no Sushi, há apenas uma bancada a separar os sushimen dos comensais. Depois, porque é na confusão que se comentem erros. Algo impensável numa cozinha em que tem de haver preocupações a vários níveis: com os pequenos-almoços, com os pedidos que chegam dos quartos, com os almoços e jantares servidos a hóspedes, mas também a clientes externos. “Depois, no fim da cozinha arrumada, até podemos ir sair juntos e divertirmo-nos”, confidencia.