Tudo isto em vários momentos — a abertura ao turismo deu-se com apenas dois quartos; dois empréstimos, duas grandes obras e três décadas depois, são dez os quartos. Já antes se recebiam hóspedes no solar, sublinha Gabriela, professoras que vinham dar aulas para a região. “Eu ainda vivia aqui, foi um dois-em-um: tínhamos companhia e entrava dinheiro.” A mãe, viúva, que teve de trabalhar quando os negócios da família deixaram de ser lucrativos, pôde fazer algo de que gostava: receber pessoas em casa. A transição para o turismo não foi, portanto, difícil. E foi providencial. “Os fundos europeus ajudaram a fazer as obras de que a casa necessitava”, reconhece. É que uma casa destas é um orgulho e um fardo. “Tem muitos dias escuros, estamos muito isolados, não há procura”, reflecte Gabriela. Não esquece as palavras de uma espanhola em situação semelhante: “Estas casas são heranças hipotecadas.” Este ano, acabaram o pagamento do último empréstimo. É com alívio que Gabriela o diz. Sabe que ela e o irmão fizeram o possível para manter a herança para as gerações seguintes. Como testemunho do passado: este ano, o cineasta João Botelho esteve uns dias na casa, a filmar Os Maias. Quem quiser espreitar verá a sala de entrada, o salão, um quarto com dossel e um corredor luminoso.
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