Fugas - Viagens

  • Adriano Miranda
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A cidade que nunca dorme afinal é aqui

É o tipo de museu de que só se sai depois de sobreviver a uma descarga de 500 mil volts (mais uma vez: aqui o que não mata engorda), e portanto com energia suficiente para ainda seguir a pé pelas ruas do bairro residencial de Vracar até ao Mercado Kalenic (ver capítulo "Onde comer" do Guia de Viagem) e daí até ao Parque Karadordev, onde a Sérvia está a acabar de construir a segunda maior igreja ortodoxa do mundo (o Templo de S. Sava) no exacto local onde duas igrejas anteriores foram destruídas, uma por cada guerra mundial.

E agora sim, vamos à praia. Gozar a vida.

A noite de Belgrado

A apenas quatro quilómetros do centro da cidade, Ada Ciganlija é a praia que Belgrado nunca teve. Mesmo já não sendo Agosto, há raparigas a tomarem banhos de sol nas mesas de piquenique espalhadas pelo parque e as cadeiras das esplanadas estão postas como para uma grande festa, ao som da inesgotável música dos anos 80 que parece nunca passar de moda na Europa Central. É aqui, explica Simonida, que os habitantes de Belgrado vêm gozar a vida na água (há aulas de natação e de esqui aquático, gaivotas e barcos para alugar) ou nas zonas verdes da ilha, uma espécie de grande ginásio ao ar livre onde é possível praticar de tudo, da patinagem ao ténis, do minigolfe ao futebol, da corrida ao bungee jumping. Isso durante o dia, porque também é aqui que Belgrado vem dançar à noite durante os meses de Verão.

Mas também se dança em Belgrado durante o Inverno — mesmo quando há bombas a caírem, como em 1999. Foi nessa década de desintegração, guerra civil, sanções económicas, hiperinflação e desemprego-recorde que a noite da cidade se transformou numa das mais activas da Europa, informa o sítio local Belgrade at night, um dos muitos exclusivamente dedicados ao assunto. E depois veio a NATO. "Os bombardeamentos forçaram os habitantes de Belgrado a levar a diversão ainda mais a sério. Confrontados com a ameaça diária de perder a vida, começámos a organizar enormes concertos nas praças e nas pontes, enquanto alguns dos mais famosos clubes começaram a funcionar mesmo durante as horas do dia.

Mais de 14 anos depois, a urgência não se perdeu e hoje a noite de Belgrado é repetidamente caucionada como a melhor da Europa por publicações como o Times, o Guardian e o Lonely Planet. Os habitantes de Belgrado continuam a levar a sua diversão tão a sério que, por dez euros, uma "instituição" informal, a Nightlife Academy (www.nightlifeacademy.com), inicia os recém-chegados no interminável labirinto de bares e discotecas flutuantes e não-flutuantes da cidade (a Kafana Class, uma das três aulas disponíveis neste ano lectivo, é mais cara: 25 euros).

É justamente por uma kafana, a Ima Dana — uma kafana bastante engalanada para receber turistas, mas ainda assim fiel ao espírito boémio do século XIX que faz de uma noite no bairro de Skadarlia uma experiência fora do tempo —, que Simonida começa a explicar-nos como se goza a vida em Belgrado. Comendo muita carne, bebendo muita rakija e fumando muitos cigarros, suspeitamos quando chegamos. Não é só: parte da experiência passa pelas canções (quase sempre sobre "homens que sofrem por amor") que o trio de músicos toca sem parar junto a mesas de estrangeiros ou de festas de anos. Há uma que Simonida traduz: "Quero comprar uma garrafa/ E ficar bêbado/ Para que todos saibam/ Que me vais deixar."

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