Fugas - Viagens

  • Adriano Miranda
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A cidade que nunca dorme afinal é aqui

Mas se a história da Jugoslávia de Tito é, como sublinha Velikonja, "a história de um paraíso perdido que nunca existiu na realidade", o paraíso fica em Belgrado — mais exactamente no bairro chique de Dedinje, onde Tito teve a sua residência e hoje está enterrado num discreto túmulo de mármore debaixo de uma enorme clarabóia, de acordo com a sua vontade expressa.

Parte de um complexo que inclui ainda o Museu da História da Jugoslávia (o ex-Museu 25 de Maio e ex-Museu da Revolução das Nações Jugoslavas e das Minorias Étnicas foi a prenda que a cidade ofereceu a Tito no seu 70.º aniversário) e o Museu Velho (onde está exposta uma parte dos cerca de quatro mil objectos oferecidos ao Presidente jugoslavo no âmbito das suas viagens dentro e fora do país), a Casa das Flores foi construída em 1975 como jardim de inverno para o trabalho e o repouso do marechal. Não é o mais esplendoroso dos memoriais (desde 1992 que não há guarda de honra nem flores frescas), mas continua a ser um local de peregrinação obrigatório para os titomaníacos que todos os anos, no dia 25 de Maio, ali continuam a festejar, com os seus lenços de pioneiros ao pescoço, o aniversário de uma figura para todos os efeitos fundadora — fenómeno que tem, de resto, uma réplica não menos concorrida na pequena aldeia croata de Kumovec, onde Tito nasceu em 1892.

Aí, em Kumovec, se iniciou a história já não alternativa mas oficial da grande Jugoslávia — a mesma história que continua a acabar diariamente em Belgrado, sempre que alguém (não só os turistas, também aquele senhor já não muito novo de saco plástico na mão) pára no cruzamento das ruas Miloseva e Nemanjina para fotografar o que resta do antigo Ministério da Defesa.

Em tempos um impressionante edifício modernista do arquitecto Nikola Dobrenovic, é, desde os bombardeamentos da NATO que em 1999 fizeram cair o céu em cima da cabeça da Sérvia de Milosevic para o fazer abrir mão do Kosovo (depois da Eslovénia, depois da Croácia, depois da Bósnia-Herzegovina, depois da Macedónia), a mais impressionante das ruínas da cidade — embora haja outras, um pouco mais à frente na rua Miloseva e um pouco mais para cima junto à Igreja de São Marcos, numa esquina do Parque Tasmajdan, onde a sede da televisão nacional ficou desfeita, matando 16 funcionários e ferindo outros 16.

São cada vez menos, no entanto, esses lugares onde Belgrado ainda está em carne viva e exibe as cicatrizes de um final bastante apocalíptico (os números nunca foram confirmados pela NATO, mas a Sérvia estima que mais de 2.500 pessoas terão perdido a vida nos 78 dias de bombardeamentos da Operação Força Aliada). Há já dois anos que a torre da televisão do Monte Avala voltou a funcionar. Vimo-la em tamanho real quando saímos de Belgrado, mas também a vimos nas t-shirts que os novos designers desenharam para vender a turistas na loja hipster do centro da cidade — tal como Tito, ela também teve direito a uma segunda vida.

Topola, o mito fundador

Os blocos de apartamentos são às dezenas até que se sai de Belgrado pela Porta Leste, e a paisagem socialista dos blokovi se transforma na Sérvia real, rural, que poderia sozinha alimentar todo o país. A partir daqui, 77 quilómetros até Topola, que é como quem diz até ao mito fundador da nacionalidade: foi ali que começou de facto uma Sérvia (e uma Jugoslávia) independente dos turcos.

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