Fugas - Viagens

  • Adriano Miranda
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A cidade que nunca dorme afinal é aqui

Aos pés da torre, o edifício mais alto da Sérvia, e em quase todas as outras dobras do Sava e do Danúbio, as luzes começam a acender-se dentro das dezenas de bares flutuantes — os splavovi — onde Belgrado se transforma na cidade que nunca dorme.

Havemos de ir ali, diz Simonida. E à praia. Gozar a vida.

 

Deixar-se estar
Com cerca de 1,5 milhões de habitantes (dois milhões se se contar com os arredores) e um volume de turistas bastante residual quando comparado com o de outras capitais vizinhas da Europa central (a começar por Budapeste) ou das praias da Croácia, Belgrado mantém a escala — ou pelo menos o modo de vida — de uma pequena cidade onde os ovos continuam a comprar-se à senhora que todas as semanas viaja do campo para abastecer as clientes habituais, os livros escolares continuam a vender-se (mas nada de fotografias!) nas malas dos carros e os negócios continuam a fechar-se com copos de aguardente (rakija) de ameixa em cima da mesa gasta de uma taberna (kafana). É impossível, neste fim de tarde em que atravessamos o centro depois da introdução à anatomia de Belgrado na Citadela de Kalemegdan, não invejar esta maneira de estar — melhor, esta maneira de se deixar estar — nas esplanadas às oito da noite de uma segunda-feira, como se a vida pudesse esperar.

É uma sociedade de cafés, esta — o hábito sobreviveu ao desaparecimento das kafanas do século XIX (altura em que havia uma para cada 20 habitantes, e com alto grau de especialização: sabia-se a que kafana se devia ir para encontrar um canalizador, ou um actor, ou um escriturário) e ao aparecimento dos inevitáveis Starbuck’s da globalização.

Simonida volta a apontar, desta vez para as fotografias antigas da cidade que fazem, juntamente com traduções de Gonçalo M. Tavares, a montra do café-livraria Biblioteka: "Ver fotografias antigas de Belgrado é algo que nos agrada muito. Travaram-se 115 batalhas pela cidade, sobretudo durante a ocupação otomana, e mais de 40 foram bastante destrutivas. Também é por isso que o centro é uma mistura de tantos estilos arquitectónicos diferentes."

Por esta altura, já vimos o Parlamento, de estilo Academia, o Palácio dos Correios, de estilo neo-bizantino, o Hotel Moskva e a Estação Telefónica Central, de estilo Arte Nova, e o Centralna Banka, de estilo realismo socialista — mas além destes há muitos outros edifícios singulares que mal chamam a atenção nas avenidas cacofónicas do centro de Belgrado porque há demasiado tempo que esperam por uma operação séria de reabilitação capaz de os devolver ao esplendor original. E sobretudo, porque o centro também é uma zona densamente universitária frequentada por estudantes de Filosofia e Belas-Artes, já vimos galerias e livrarias. Muitas livrarias (e não estamos sequer a contar com as que cabem na mala de um carro), várias delas abertas até tarde, algumas delas abertas ao domingo.

Aparentemente, são bem mais frequentadas do que os museus, quase todos bastante old-school, por que vamos passando — o Museu Nacional, eternamente em obras embora parcialmente disponível para exposições, o Museu da História da Sérvia, que já está fechado quando tentamos entrar, o Museu de Arte Contemporânea, com uma colecção internacional impressionante mas desde 2008 encerrado para obras de renovação que ninguém sabe quando irão terminar, e o Museu da História da Jugoslávia, situado no mesmo complexo que o memorial dedicado a Tito e que não teremos tempo para visitar. Resta-nos o Museu Nikola Tesla, uma bela villa dos anos 20 que guarda o vasto arquivo — cerca de 160 mil documentos originais e mais de 1.200 objectos e modelos científicos — do inventor (1856-1943) que desbravou o admirável mundo novo das ondas electromagnéticas nas suas experiências bastante futuristas em Long Island e que os sérvios garantem ter sido o verdadeiro inventor do rádio (contra Marconi), além do visionário que previu a ideia de uma rede de telecomunicações global (embora não lhe tenha chamado Internet).

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