Fugas - Viagens

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Os jovens, os resorts e a foice

Por enquanto, como diz Louk Lennaerts, com um sorriso franco, hoje vive-se melhor: “Aqui entre nós, as praias são boas, o tempo é fantástico, existem campos de golfe, património histórico e umas raparigas para dançar.” Como se canta na Bach Dang: Let it Be.

A Fugas viajou a convite da Vietnam Airlines e da Across

 

Estas cidades desenham um triângulo no novo país

 

Da Nang, a giratória

Logo pela manhã, há uma película húmida a ocultar o calor. Densa e opaca, também esconde o amanhecer e protege os desportistas que fazem ginástica, jogging ou os praticantes de ioga nas ruas ou nas praias de Van Dong e My Khe. Quando forem 8h, até o horizonte transpirará com o calor que se anuncia. Com uma população em rápido crescimento, Da Nang tem aproximadamente um milhão de habitantes e pelas suas avenidas traçadas a regra e esquadro, resquícios de boulevards de inspiração colonial francesa, há um trânsito constante com condutores e penduras protegidos de máscara, mesmo que não exista qualquer possível comparação entre estes níveis de poluição e os de Pequim.

À imagem e semelhança do resto do continente, estas cidades não foram feitas para serem percorridas a pé, mas sim para serem cruzadas, apressadamente, em duas rodas. Ladeando as avenidas, despidos de paredes, há restaurantes de formalidade variegada, abertos ao calor e à humidade, oficinas de reparação de veículos, lojas de vendas de motociclos (o grande desporto nacional), algum comércio informal, alguém que cozinha e serve a comida na própria rua. No Blue Whale, um restaurante escancarado ao balanço do mar, houve-se um Bésame Mucho, com xilofone tímido a acompanhar, e poderíamos estar em Cuba. Mas não estamos.

A dourada e iluminada ponte do Dragão nega-o, os edifícios esguios, de três a quatro andares, também. E as torres de hotéis idem idem, aspas aspas. Para não falar na quantidade de modelos Yamaha e Suzuki que circulam de um lado para o outro, dando a sensação de que os seus condutores apenas pretendem arrefecer a temperatura corporal ou, simplesmente, passar o tempo. Talvez se deva a essa necessidade de circular a quase inexistência de semáforos, que cabem numa só mão.

“Aqui vai ser um resort, e a seguir também.” Esta é uma expressão frequente quando se conversa com alguém sobre o presente e futuro de Da Nang. O seu novo aeroporto é a placa giratória que distribui os visitantes pela febril oferta turística que se espraia ao longo de uma costa recortada, repleta de recantos. Hoje, existem tantos hotéis como marines norte-americanos em 1965 — era aqui que se concentrava o maior corpo do exército. Era na praia da China, bem perto da cidade, que os militares relaxavam. “Era uma região [Da Nang] sinistra de bases de abastecimento que foi tomada por forças do exército vietnamita e ocupantes; abrigos — cabanas e telheiros — feitos exclusivamente com materiais de guerra, sacos de areia, plásticos, chapa ondulada com a marca EXÉRCITO DOS E.U. e embalagens de produtos alimentares com as iniciais de agências humanitárias. Da Nang foi empurrada para junto do mar e todo o terreno que a rodeava tinha sido despido de árvores. Se havia lugar que parecia ter sido envenenado era Da Nang”.

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