Fugas - Viagens

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Os jovens, os resorts e a foice

Esta cidade tem um turismo próprio, diferente daquele que procura o resort da praia. Possui os seus pequenos hotéis, os cyclos (riquexós a pedal que percorrem a cidade), passeios de barco, um mercado autêntico com bons restaurantes, escovilhões coloridos de todos os tamanhos que um vendedor anuncia com um megafone instalado na sua motorizada. Excentricidade para o etnocentrismo europeu!

A cidade vive exclusivamente do turismo, pelo que, de alguma forma, se uniformiza. Durante o dia, o calor paralisa-a até meio da tarde e, depois disso, volta a pulsar até bem tarde, como todo o seu comércio de rua e a quantidade incontável de restaurantes de todos os formatos, preços e feitios. À noite, milhares de lanternas iluminam-na. A Ásia, na verdadeira acepção da palavra. Hoi An tem ainda outras particularidades: é a única cidade do país com restrições à circulação de motociclos — e imaginem como é difícil fazê-lo numa cultura que vive do movimento em duas rodas — e que obriga os comerciantes ao uso de balões-lanternas nas suas lojas. Não há, talvez, outra cidade no país onde as influências chinesas, japonesas e europeias sejam tão evidentes, fruto da encruzilhada comercial em que se tornou nos séculos XVI e XVII. Em 1999, o que a UNESCO fez ao atribuir-lhe a classificação de Património da Humanidade foi reconhecer a sua importância histórica e, acima de tudo, a sua excepcionalidade.

 

Nha Trang, o mar do Sul da China e a osmose com o rio

 

Nha Trang, já no sul da costa central do Vietname (como se lhe referem), é a capital (tem sido até aqui) do turismo de praia. Ao longo da sua costa em meia-lua, dos seus seis quilómetros em formato de foice, os hotéis posicionaram-se com a mesma particularidade: todas as janelas têm vista de mar. É o que apregoam todos os hoteleiros. E o que conta em Nha Trang é o mar, seja deste lado, ou do outro, algures numa das várias ilhas que a circunda. Umas são mais remotas do que outras, mas todas elas se dirigem a um turismo de luxo, exclusivo e privado, com uma clientela que miscigena o tradicional turismo europeu na demanda do sol com o novo turismo asiático (com o chinês à cabeça) na descoberta e usufruto da ascensão. Alguns desses hotéis chegaram ao ponto de criarem teleféricos sobre o mar para o transporte de clientes entre a cidade e uma ilha. Outros preferem uma filosofia mais sustentável, um jargão tão na moda quanto o orgânico, como meio de dizer que o turismo também pode ser consciencioso. E pode, de facto.

Forçosamente, o investimento turístico fará com que a cidade vá absorvendo mão-de-obra e vá crescendo em progressão geométrica. Neste momento, Nha Trang deverá ser habitada por cerca de 400 a 500 mil pessoas e o mais provável, a confirmarem-se as estatísticas mais ordinárias, é que esse número ultrapasse largamente os 600 mil daqui a dez anos. Não admira. Cidade eminentemente turística, Nha Trang poderia pertencer a qualquer ponto do globo, com os seus resorts, as lojas de artesanato e lembranças, os restaurantes ou os bares. E como qualquer outra cidade com este perfil, não pensem que não existem backpackers por cá. Mas, como em qualquer outra cidade com estas características, basta um pequeno desvio para encontrar a verdadeira realidade de um país, disponível para quem a queira conhecer.

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