Porém, há influências positivas desse passado, continua: muitos dos pratos básicos do menu estónio são de países da ex-URSS, e muitos deles são “interessantes”. “Pensemos nos pratos da Geórgia e das montanhas do Cáucaso, que só recentemente captaram a atenção do público europeu e na verdade são bastante comuns aqui na Estónia desde meados do século XX.”
Quanto à vontade da cozinha moderna estónia pertencer à “nova cozinha nórdica”, não se trata apenas de geografia. “Faz parte da nossa luta para nos identificarmos e associarmos aos países nórdicos em vez de aos países da Europa de Leste, aos quais estivemos associados na era soviética”, considera. Daí esta associação não ser apenas uma questão de geografia ou de comida, é uma questão “política também”.
É preciso não esquecer outras razões, conclui: “A comida nórdica é altamente popular neste momento, quem é que não quer ficar associado a estes tipos cool?”
Restaurantes
Restaurante Alexander. Tel.: +372 454 8800. www.padaste.ee
Restaurante Noa. Tel.: +372 508 0589. www.noaresto.ee
Restaurante Ööbiku. Tel.: +372 56 93 55 15. www.oobiku.ee
Cozinha comunitária de Tartu. Contacto através de maitseelamuse.koda@gmail.com
(30 euros por pessoa, três pratos)
Hotel Padaste Manor, a simplicidade é o maior luxo
A Estónia tem mais de 1500 ilhas, a maioria desabitadas, minúsculas. Uma das três maiores, apesar de pequena, é a ilha Muhu, onde uma das actividades é a observação de pássaros. A Muhu fica entre duas ilhas, Saaremaa e Hiiumaa, e chega-se em cerca de meia hora a partir do continente, de Virtsu (é a duas horas de Talin e quatro de Riga).
Um dos lugares especiais desta ilha é o hotel de luxo Padaste Manor, com 24 quartos e capacidade máxima para 63 pessoas — o hotel organiza também sessões de caça. As origens da propriedade datam do século XIV e a casa principal ainda mantém alguma da estrutura original, apesar de o edifício ter sido ampliado no século XIX.
É uma casa senhorial em tons rosa, com dois andares, chão em tábua corrida, tapetes persa e decoração em tons ocre, entre o moderno e o rústico — tem depois mais duas zonas com quartos, o restaurante de Verão e uma “casa” privada. Em frente há o jardim e depois o mar. No spa, os cremes usados são preparados na hora, com leite de cabra, por exemplo.
É preciso vir com tempo para ir relaxando e deixando a paisagem entranhar-se, aproveitando os pequenos recantos desta propriedade: as cadeiras à beira da água, a “banheira” de madeira com água quente a céu aberto, o bosque em volta que se pode explorar de bicicleta.
Explica Martin Breuer que a filosofia é do “luxo simples”. Ele é holandês e tudo começou quando um dia um amigo estónio lhe telefonou a desafiar: “Lembras-te daquele sítio onde fomos a um piquenique? Está à venda.” E assim entrou no negócio num lugar que tinha visitado em 1992 e pelo qual tinha ficado fascinado, porque viu “a energia das pessoas e como havia este desejo de respirar, de ser parte da Europa, do mundo, de mudar as coisas e o país”. A propriedade estava em ruínas, mas Martin conhecia “a beleza, um silêncio incrível, sem poluição, as estrelas na horizontal — também crescem à nossa frente”.